sábado, 30 de abril de 2016

Slides da aula de 27-29/4

Seguem aqui os slides de nossa primeira aula sobre democracia. Vimos a teoria elitista de Schumpeter. Lembrem-se que neste bimestre há um grande trabalho em andamento. Não percam tempo.

A programação atualizada de nossos encontros neste bimestre está nos slides.

O que é a democracia? -- texto de Jacques Rancière

Jacques Rancière fala à Folha sobre democracia
26.10.2014
Folha de S.Paulo
Úrsula Passos

Jacques Rancière, 74, é um dos discípulos mais conhecidos do filósofo marxista Louis Althusser (1918-90), embora tenha se distanciado do professor, e do próprio marxismo, ao questionar suas interpretações do movimento do Maio de 68 na França.
Desde então, Rancière tem se dedicado ao estudo das classes operárias -"A Noite dos Proletários" (Companhia das Letras, 1988, esgotado)- e das relações entre política e estética, em que ele defende que todos temos uma capacidade de sentir e aprender.
Essa capacidade não especializada, apresentada em "O Mestre Ignorante" (Autêntica, 2002), e presente em diversas de suas obras, aparece, no cinema, em sua defesa de uma política do amador, segundo a qual todo e qualquer espectador detém a capacidade de traçar novas vias de pensamento a partir das histórias de sua própria vida e daquelas dos filmes.
Em O ódio à democracia [trad. Mariana Echalar, Boitempo], de 2005, lançado agora no Brasil, o filósofo francês enumera e explica as origens de diversos argumentos segundo os quais a democracia é "uma crise da civilização que afeta a sociedade e o Estado através dela". No discurso dos que odeiam a democracia, escreve ele, o governo democrático "é mau quando se deixa corromper pela sociedade democrática que quer que todos sejam iguais e que todas as diferenças sejam respeitadas".
É em defesa da democracia como "poder daqueles que não têm títulos ao poder" e contra o "confisco oligárquico do poder" que o filósofo busca retomar, nesse ensaio, princípios democráticos fundamentais, como a escolha do governo por meio de sorteio.
Ele fala sobre essas e outras questões em entrevista à Folha por telefone de sua casa em Paris.
O que é democracia?
A democracia, no senso estrito, é o poder do povo. Porém, se voltarmos um pouco à origem, ela é um poder em oposição aos que pretendem ter o poder: os ricos, os nobres, os sábios etc. Ela é, para mim, um princípio, um poder um tanto excepcional porque, em essência, é o poder daqueles que não têm títulos ao poder, daqueles que não têm nenhuma competência particular para governar, oposto a todas as outras formas que tradicionalmente legitimam o poder, seja pelo nascimento, pela riqueza ou pela ciência. Ela excede toda forma de governo particular.
O ensaio é de 2005. Hoje, após a crise de 2008, o debate sobre o véu, a reação contra a lei que viria a permitir o casamento gay na França, o que o sr. acrescentaria às ideias do ensaio?
Eu creio que esse ensaio foi preciso em seu diagnóstico. De uma certa forma, ele anunciava aquilo que vimos depois, por exemplo, no caso do véu: uma tendência a estigmatizar as classes menos ricas, menos bem integradas.
Nós pudemos confirmar essa tendência de legitimação do caráter oligárquico do poder, de todas as novas formas de racismo em nome de uma certa ideia de república, de universalismo, de laicidade. Vimos se confirmar, por um lado, a tendência de confisco oligárquico do poder cada vez mais forte, e vimos também se manter essa espécie de campanha ideológica em nome dos grandes princípios da república, da vida em sociedade, estigmatizando cada vez mais os que estão sem trabalho, os que não têm a mesma cor de pele, os que não têm a mesma religião.
Podemos dizer, infelizmente, que, de alguma forma, a ofensiva antidemocrática se acelerou muito nesse meio tempo. Uma série de argumentos emprestados da esquerda, da psicanálise, se tornaram argumentos de persuasão reacionários para estigmatizar o máximo possível de pessoas.
O ensaio trata da acusação de populismo que recai sobre aqueles que atacam o discurso dos especialistas. Como responder a esse tipo específico de discurso de ódio à democracia?
Na América Latina, especificamente, há uma tradição na qual o populismo foi identificado como uma forma de governo. Na França, e na Europa, é diferente. O populismo é uma noção nova, lançada para estigmatizar toda tentativa de reivindicação de um poder real do povo contra o confisco do poder por aqueles que se consideram a elite. Acho necessário resistir ao uso desse conceito e dizer que ele, hoje, é um meio cômodo de legitimar o poder das elites, de seus experts, das finanças internacionais, em nome da capacidade, da competência. Na França, ser populista quer dizer ser de extrema direita.
É absolutamente necessário resistir a essa argumentação e colocar em evidência uma ideia efetiva de democracia. Por isso que, em "O Ódio à Democracia", eu relembrei alguns princípios democráticos originários, como o fato, por exemplo, de que o verdadeiro governo democrático passa pelo sorteio e por mandatos extremamente curtos. É preciso recolocar em primeiro plano todas as formas em que há um controle verdadeiro que o povo pode exercer sobre aqueles que falam em seu nome e que governam em seu nome.
O sr. fala de um governo que busca ter o controle sobre a esfera pública. Como o povo pode garantir que o espaço público continue sendo um espaço de conflito e de encontro?
Podemos imaginar formas de constituição que infelizmente não existem em lugar nenhum e que sejam fundadas sobre mandatos curtos, a revogabilidade dos eleitos, assembleias populares, controle dos eleitos na forma de sorteio. Há uma série de medidas constitucionais que permitem o exercício do poder efetivo do povo.
Como isso não existe hoje, devemos ir por outras vias, que passam pela existência de formas de discussão e de informação que estejam separadas da esfera midiática oficial. Foi o que vimos nas diferentes manifestações pelo mundo, desde a Primavera Árabe até o movimento do 15 de Maio na Espanha, ou os movimentos que aconteceram na Grécia, na Turquia, no Brasil, nos quais, às vezes, partindo de demandas específicas, ou mais ou menos menores, como o caso do jardim em Istambul ou a questão do preço do transporte no Brasil, vimos acordar uma atividade popular autônoma.
Hoje há uma esperança para a democracia contanto que possam existir formas de organização que sejam a continuação desses movimentos, organizações que sejam autônomas em relação à vida política tal como o Estado a organiza.
Uma melhora na distribuição de renda pode influenciar os argumentos de ódio?
O poder de todos não é simplesmente o alargamento, o desenvolvimento de uma classe média. Isso pode, por um tempo, favorecer as formas democráticas, mas não necessariamente, como costumam dizer: se há desenvolvimento econômico, há desenvolvimento de uma classe média e então há o desenvolvimento da democracia. Não há evidências disso.
A democracia é o desenvolvimento de toda uma série de intervenções políticas autônomas e isso não é produzido automaticamente por determinadas formas do desenvolvimento econômico nem de transformações de classes sociais. É muito bom que haja um alargamento da esfera daqueles que possuem a riqueza, mas esses alargamentos são, muito comumente, provisórios. O movimento é um pouco ao inverso, é à medida que há instâncias populares de controle que se pode esperar ter uma melhor distribuição de renda.
Em "O Mestre Ignorante", o sr. já falava da igualdade que não deve ser um objetivo da democracia, mas um ponto de partida. Como as noções que estavam ali influenciaram as ideias de O ódio à democracia?
O que está no centro de "O Mestre Ignorante", e que tomei de Joseph Jacotot (1770-1840), é a ideia fundamental de que a igualdade não é um objetivo, mas um ponto de partida a verificar, o que quer dizer que se deve agir na pressuposição de que falamos a iguais, de que agimos com iguais. Tentei desenvolver isso à esfera política pública, dizendo que existe democracia contanto que haja o reconhecimento de uma capacidade de pensar que pertence a todos, e que se opõe a toda capacidade de pensamento que seja especializada.
O que vemos hoje é o poder dos experts. A ideia da democracia atualiza essa capacidade de todos. Isso não quer dizer que todos participem do governo, isso jamais aconteceu, mas sim que se busca organizar formas de vida coletiva fundadas sobre essa ideia de uma capacidade partilhada, diferente das lógicas tradicionais de partidos revolucionários, de vanguarda, ou fundados na ciência. A política foi pensada como uma forma de governar os ignorantes, e na democracia os que governam não são nem mais ignorantes nem mais sábios que os outros.
Existe uma relação entre a democracia como regime político e a literatura como regime da palavra, tal como aparece em alguns de seus ensaios sobre literatura em "La Parole Muette" (a palavra muda, Hachette, 1998)?
Não há uma relação completamente direta. O que eu tentei mostrar é que, na literatura, como na democracia, há o poder de uma palavra que não é controlada, que não é a que vem de cima.
A democracia se funda num tipo de circulação da palavra, na possibilidade de que qualquer um possa se apropriar das palavras que circulam, que possa fazer palavras de ordem para sua própria vida. A literatura no sentido moderno, e principalmente por meio do romance do século 19, se constitui pela supressão de toda hierarquia, do sistema tradicional de "belles lettres" que era fundado na ideia de uma hierarquia de temas, de estilos. Há literatura moderna a partir do momento em que não há mais temas que sejam interessantes e temas que não sejam interessantes, personagens que valem a pena e personagens que não valem a pena; a revolução literária é isso.
Quando se tenta elaborar um verdadeiro poder do povo na política há a ideia de uma capacidade de qualquer um de sentir, de viver, que é o centro da literatura moderna e que está na origem dessa renovação das formas de literatura.
Quando trata de cinema, como em "O Destino das Imagens" e "As Distâncias do Cinema" (Contraponto, 2012), o sr. fala de uma política do amador. Essa política pode ser empregada em outras artes?
Acho que há uma especificidade do cinema porque é uma arte que nasceu tardiamente e que não conheceu as formas de organização hierárquicas. Não havia academia de "belo cinema" como as academias de "belles lettres" e a academia de belas artes. Além disso, é uma arte que nasceu como uma curiosidade, uma atração de feiras, então foi desde o começo um objeto não identificado. O que aconteceu é que o cinema foi tragado para a esfera da legitimidade artística, e existe agora uma integração do cinema à cultura elitista e também à cultura universitária.
Quando falo de uma política de amador, falo de uma política que busca preservar essa espécie de indecisão do cinema, uma abertura a todo público possível. É claro que isso pode existir em todo tipo de arte, se pensarmos no que se passa na música, por exemplo, há cada vez mais indecisão, não se sabe bem o que é vanguarda, o que é popular. Nas artes da performance, do corpo, existe também um tipo de grande partilha entre arte legítima, arte de elite e arte popular.
Sim, é possível ter uma política de amador, porém ela não dá conta de artes ditas legítimas, as belas artes tradicionais. Mas sempre existiram tipos de apropriação selvagem, de políticas de amador. Há muitas exigências que pesam, mas creio que se pode manter em todos os domínios da arte uma política de amador no sentido de uma política de pessoas que não têm o conhecimento sobre as boas formas artísticas, que não têm o bom critério para julgar e assim por diante.
Apesar de tudo, a política do amador está em regressão, há uma espécie de tendência à legitimação em todas as artes, de apropriação universitária. Mas é preciso também lutar contra isso.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Leitura para 4-6 de maio

A segunda leitura sobre democracia aborda os dilemas específicos que a disputa pelo voto em competições livres pelo governo colocam para partidos de esquerda, especialmente socialistas e comunistas. O autor do artigo, o cientista político Adam Przeworski, tem uma obra vastíssima, em que reúne preocupações de esquerda com métodos avançados de ciência política.

O texto que leremos, "A social-democracia como fenômeno histórico", está disponível no link abaixo:


http://www.scielo.br/pdf/ln/n15/a04n15.pdf

Estamos trabalhando especificamente o conteúdo das páginas 41 a 64, mas recomendo vivamente que leiam o artigo completamente. Uma obra-prima da ciência política!

Temas e grupos do trabalho do segundo bimestre

Aqui estão os temas e os grupos para a realização do trabalho do quarto bimestre. As instruções do trabalho estão disponíveis aqui. Os grupos e os temas foram sorteados aleatoriamente. Não serão feitas mudanças em grupos e temas.

(1) Verifique se seu nome aparece em algum grupo. Se não aparecer, mande-me um email com urgência até 4/5.
(2) Verifique se os DOIS textos com os quais está trabalhando abrem sem problema. Se não estiverem, mande-me um email com urgência até 4/5.
(3) Note que escolhi textos curtos, então para melhor entender os argumentos colocados é imprescindível a pesquisa a fontes externas para entender o argumento, como aliás está estipulado nas instruções do trabalho. São autores com vasta produção, então procurem pelos autores e pela temática em sites de busca e certamente encontrarão elementos interessantes. Indiquem TODAS as referências externas que usarem.
(4) Sugiro que mais de um estudante fique responsável por cada parte. Leiam, revisem, corrijam, completem o que outros membros de seu grupo fizerem. Antecipem-se!

Todos os textos estão disponíveis aqui. Cada grupo está trabalhando com DOIS textos sobre o mesmo tema. Abaixo, apenas indico o tema dos textos, que é a mesma informação que aparece no início dos DOIS textos com os quais vão trabalhar.

3JOA

Grupo 1: ANDRESSA MARIA LIMA DE OLIVEIRA, MATEUS FAUSTINO CARREIRA,  GIOVANNA VIANA FONTENELLE DE ARAÚJO, HARES DATTI PASCOAL, AUGUSTO CÉSAR GOMES VALLE
Tema: Aéreas - Deve acabar a restrição a capital estrangeiro em empresas de transporte aéreo?

Grupo 2: CAROLINA MORAES MARTINS DE BARROS, LUCAS HANASHIRO DE MELLO,  SOPHIA DE MATTOS CARVALHO OLIVEIRA, LUCAS DE PASCHOAL STRABKO, JOÃO ARTHUR FANTINATI ZEBINI
Tema: Delação - O Estado deveria incentivar programas de delação premiada?

Grupo 3: GABRIELA GLETTE KASTRUP, LAURA DUARTE ULIANA, ANA CAROLINA SIEDSCHLAG, LEONARDO JORGE PEREIRA MORIC DUTRA, CLÁUDIA RAMOS RATTI, LUCAS SARTI MIQUELIM
Tema: Doação - Doação de campanha por empresa deve acabar?

Grupo 4: ISADORA FIGUEIREDO PINHEIRO, ALEXANDRE GONÇALVES JUNIOR, BEATRIZ MORAIS MENEZES SALLES, CAMILA DEL MANTO BOMTEMPO, CAMILA ANDRADE ALVARENGA, VIVIAN BENJAMIN
Tema: Drogas - Porte de drogas para uso pessoal deve ser descriminalizado no Brasil?

Grupo 5: LAIS FRANKLIN VIEIRA, JÚLIA MORAES DA COSTA, BRUNA RENY BADDINI TAVARES, GIULIANNA GUIRRO IODICE, LARISSA FLÁVIA MONTEIRO SILVA ROSA, PEDRO CARDOSO PETRACHINI
Tema: Fortunas - Brasil deve taxar fortunas?

Grupo 6: GIULIANA SARINGER, HELOÍSA LUSTOSA MESSIAS BARRENSE PACHECO CAVALCANTI, FERNANDA GIOVANETTI CECON, VICTOR HUGO FARRABRÁS DE SOUZA, ÉRICA CAMILLO AZZELLINI, RAFAEL HENRIQUE SERRA
Tema: Imposto - Aumentar impostos e contribuições é a melhor solução para fechar as contas do governo?

Grupo 7: JULIANA DA CUNHA COSTA SANTOS, MARÍLIA DE OLIVEIRA KAZMIERCZAK, MARINA CHAVES QUARESMA VIANA, GIULIA GAMBA, ISADORA DE CARVALHO STELMACH, ISADORA DE CARVALHO STELMACH, JENIFFER MENDONÇA ANUNCIAÇÃO
Tema: Jogo - Jogo de azar deve ser legalizado no Brasil?

3JOB

Grupo 8: BEATRIZ DE CAMPOS SANTORO, PEDRO DAHER MORSCH PORTO, CAROLINE LIGÓRIO BENEDITO DOMINGUES, LAURA BOTELHO MARCHEZINI, ISABELLA DE SOUZA CARVALHO, GABRIEL ALVES DA SILVA
Tema: Juiz - Preso deve ser apresentado a juiz em até 24 horas após flagrante?

Grupo 9: ERIC CAMPI PAROLINA, NATHALIA GARCIA PARRA, ALLAN CORREIA BUSSONS, FERNANDA GRILLO PEIXOTO RUSSO, MATHEUS CABRAL DE ARAUJO ROSA, BRUNO CARDOSO MACEDO
Tema: Logradouro - Devem ser mudados os nomes de logradouros que homenageiam pessoas relacionadas à ditadura?

Grupo 10: KIMBERLLY CAVASSANA PEIXOTO, ANA ISABELLA AFONSO CASCIONE, AURÉLIO FELIPE GERMANO DA SILVA, RICARDO GUIMARÃES DE SIQUEIRA, GUSTAVO CUNHA BOLDRINI, JÚLIA REIS FAVERO
Tema: Anticrack - Programa anticrack De Braços Abertos, da Prefeitura de São Paulo, tem tido êxito?

Grupo 11: MARIANE RIBEIRO DA SILVA, ARTHUR BELTRAME GARCIA, GIULIA GUERRA GRANCHI, CARLA LOPES BRIDI, DANIEL CHIESA GELBAUM
Tema: Trote - Trote nas universidades deve ser proibido?

Grupo 12: PAULO HENRIQUE POMPERMAIER SARTORI, ALINE GABRIELA ARAÚJO TAVARES, ISABEL DE LUIZ DE PAULA ROCHA, JÉSSICA CIPRIANO DA CRUZ, AMANDA HONJI SAVIANO, GIOVANNI GUILHERME DE MEDEIROS MAGLIANO FILHO
Tema: Minhocão - Minhocão deve ser desativado e demolido?

Grupo 13: TATIANA GARCIA DE CARVALHO, IZABELA GAMA GUANDALINI, VITÓRIA SALATINE, ANA PAULA CANHEDO, ANA LAURA PRADO ALVES STACHEWSKI, MARCELLA CANTONI NASSIPE JOSÉ
Tema: Velocidade - É correta a redução dos limites de velocidade nas marginais Tietê e Pinheiros?

Grupo 14: TÉO CAIUBY FERREIRA FRANÇA, VERÔNICA SALIBA MALUF, CAROLINE VIEIRA BUENO DE OLIVEIRA, MARINA DA ROCHA FELIX, ANA PAULA LIMA RIBEIRO, GISELLE PORTO
Tema: Antecipação - Antecipação de eleições gerais é constitucional?

3JOC

Grupo 15: MARINA MASSAYO YOGUI YONASHIRO, THAÍS REGINA GUIMARÃES DOS SANTOS, ANA JÚLIA PIVA CANO, LEONARDO RODRIGUES DE REZENDE, BARBARA MUNIZ AGOSTINETTI, TALYTA STELLA VESPA MARTINS, YASMINE LUNA MELLO PEREIRA DE PAULA SANTOS
Tema: Foro - Foro privilegiado deveria ser extinto?

Grupo 16: GIOVANNA OLIVEIRA FIORANI, MATHEUS DO NASCIMENTO MOREIRA, JÚLIO LOPES DE OLIVEIRA VECHIATO, STÉFANNI MENEGUESSO MOTA, BEATRIZ CARDOSO DUARTE, PAOLA ZANON, STEFANY ALEXANDRE DE OLIVEIRA
Tema: Kit - 'Kit bíblico' deve ser distribuído a alunos de escolas estaduais?

Grupo 17: HÊNIO SEGURA URTADO, BRUNA ARAUJO DE SOUZA,  GABRIELLA FERNANDA ALMEIDA LIMA, CATHERINE GASPAR RODRIGUES, LUISA LEHTO PANZA, JUN HYUG JUNG
Tema: Parlamentarismo - Parlamentarismo pode ser solução para crise política no Brasil?

Grupo 18: ALANA CLARO, JULIANA CAMPOS FERREIRA, FELIPE DE ALMEIDA CASSIARO, PAULO SEIKISHI HIGA, BÁRBARA CÁSSIA MARTINS, JÚLIA MIOZZO ANDRADE LUIZ, CAROLINE LUCAS DE MENESES ROCHA
Tema: Petrobras - Petrobras deve ser operadora única do pré-sal?

Grupo 19: CAMILA ALMEIDA SAMPAIO NEGRÃO, HELENA MARIA PAES ALFARELOS, JORDANA DE ALBUQUERQUE LANGELLA, MATHEUS MEIRELLES MORAIS, THAIS RODRIGUES COSTA, CAROLINA MIKALAUSKAS SANCHES, ANA BEATRIZ FASSARELLA
Tema: Prisão - É correta a decisão do STF de autorizar prisão após julgamento de 2ª instância?

Grupo 20: JULIA ESCORALIQUE GUADAGNUCCI, RODRIGO MARQUES RIBEIRO, MATHEUS LISBOA, LARISSA SANT'ANA DE LEMOS,  DAVID JAFFE CARTUM
Tema: Funk - Crianças podem se apresentar em bailes funk?

Grupo 21: LORENA SCAVONE GIRON, VICTOR HUGO DE BERALDINI FELIX, GUILHERME MARADEI DOGO, BRUNA CAMBRAIA DE OLIVEIRA, GIULIANA GIANNOCCARO POMPEU, STELA MARIA FERNANDES ZEFERINO
Tema: Juízes - Todos os juízes devem receber auxílio­ moradia?

3JOD

Grupo 22: LUANA CARNEIRO TORO, VICTÓRIA ABEL DE OLIVEIRA, GIULIANNA MARIGO MUNERATTO, LÍVIA DE CAMPOS LEITE ASCAVA, ANNA CLARA OLIVEIRA MOTA, GUILHERME AFARELLI VENAGLIA, ANA LUIZA PALUMBO GERODETTI, MARIANA GONZALEZ RÉGIO DA SILVA
Tema: Pesquisas - É correta a maneira como são feitas as pesquisas eleitorais no Brasil?

Grupo 23: DEBORA GOMES LIMA, MARCELO BASEGGIO MOSCHINI TEIXEIRA, BEATRIZ ROCHA DE PAULA E SILVA, DIEGO SOUZA DE LIMA, MARIANA FERREIRA BRANDA, JULYA VENDITE ZANCOPER, JÚLIO JOSÉ TEIXEIRA DUARTE MOREDO, CAUE DE SOUZA REBOUÇAS, GEORGEA SANTANA SEVILIO ANDRADE, 
Tema: Reeleição - Reeleição para mandato no Executivo deve acabar?

Grupo 24: PAULA FONSECA CALÇADE, ISADORA DE ALMEIDA, CAIO RAMOS SIMIDZU, VINÍCIUS BASSIQUETTO ELIA, YAHISBEL ROSSELYN ADAMES VALLES, BEATRIZ MANFREDINI, MARCELA ANDRAUS, JÚLIA VALENTINI STORCH, 
Tema: Rouanet - Lei Rouanet deve financiar gastronomia?

Grupo 25: THAÍS SPINOLA TORRES, THIAGO DUTRA MORAIS, BRUNA BAZI BARONE, BEATRIZ ARAUJO FLAUSINO DA SILVA, OTÁVIO MATENHAUER URBINATTI, LARISSA MARTINS DA COSTA PASSOS MOREIRA, ROBERTA ANTONINA MORAES MINHOTO
Tema: Selic - Aumentar a Selic pode ajudar o país a sair da crise?

Grupo 26: VITOR BROWN DE REZENDE, SOFIA ROSSAS LEITE, NAIARA TELES DE ALBUQUERQUE, GUILHERME GUERRA DE OLIVEIRA CAMPOS, SAMANTHA SOARES DA SILVA, THIAGO TASSI CLEMENTE, SOFIA DE ALMEIDA SAMPAIO RIBEIRO
Tema: Transgênicos - Símbolo de transgênico deve ser mantido nas embalagens de produtos alimentícios?

Grupo 27: MATHEUS BIANEZZI RODRIGUES, BRUNO CAPOZZI MONTALVÃO, GUSTAVO RIBEIRO SILVA, PEDRO FENIAR BORG, LUCAS FURLANI RODRIGUES ALVES BICUDO, MARINA MARINI BALBINO, VICTOR LUIS ROMEU COELHO
Tema: Reservas - Governo deve usar reservas internacionais para combater a crise?

Grupo 28: LARISSA ISABELLE HERRERA DIAZ, LEANDRO COSTA CRISCUOLO, LETÍCIA NEGRESIOLO MARTINS, JULIA SILVA DE AQUINO, RODRIGO COHEN DE ASSIS, BÁRBARA SAKAMOTO LIGERO, GUSTAVO FRANK DE SOUZA
Tema: Carnaval - Prefeitura deve restringir horário e tamanho dos blocos de Carnaval?

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Trabalho do segundo bimestre: política e comunicação construtiva

O trabalho do segundo bimestre pretende estimulá-los a apreender, problematizar e criticar textos de intervenção recentes sobre temas de política brasileira.

As discussões sobre política têm assumido formas e tons que indicam a falta de esforço ou um esforço falho de compreensão dos argumentos que são colocados. Isto é, rejeitam-se teses que não foram entendidas, rebatem argumentos com preconceitos, num cenário em que a política fica refém de trocas entre surdos. Em especial, como indiquei aqui, parece-me que: "O antipetismo, que adota formas cada vez mais violentas, e o petismo defensivo que isso despertou são expressões igualmente inócuas num contexto de crise objetiva, pois se fundamentam em um debate sem lastro de materialidade, em torno de fantasias e bonecos de ar, em conflitos cada vez mais surreais e inegociáveis". (Noto que não é preciso concordar com meu argumento sobre a conjuntura atual, mas é preciso entendê-lo para que seja refutado.) O esforço a ser feito no trabalho cujas instruções seguem é lidar com visões diferentes e saber posicionar-se modo claro e objetivo, além de lidar com a comunicação como forma de consenso.

Proposta
O trabalho consiste: (1) na síntese e análise de artigos na mídia sobre política brasileira recente; e (2) na produção de um conjunto de materiais jornalísticos em formato que será detalhado em postagem subsequenteOs artigos serão escolhidos e divulgados pelo professor no blog. Trata-se de um trabalho realizado necessariamente em grupo. 

A inspiração para esse trabalho é o método da cultura do conflito construtivo, cuja máxima é "defender o próprio ponto de vista através de palavras e recursos reconhecendo que o outro tem (e tem o direito de ter) um ponto de vista divergente" (Wikipédia), mas não há exigência que os grupos se aprofundem nesse método.

Por conta do calendário, não haverá apresentação do trabalho em sala de aula, mas haverá pelo menos uma semana em sala de aula em que os grupos se reunirão e poderão tirar dúvidas com o professor e discutir o andamento do trabalho.

Noto que não se trata de dar sua opinião sobre a temática, mas de entender e problematizar argumentos existentes no debate público.

Organização dos grupos
Os grupos para a realização deste trabalho vão contar entre cinco a sete pessoas.

Todos os integrantes do grupo devem necessariamente estar matriculados na mesma turma.
Vou selecionar aleatoriamente os grupos e divulgá-los com suficiente antecedência. Qualquer problema após a divulgação dos grupos, avisem.

Tema de trabalho
Publicarei no Blog os artigos com os quais cada grupo deverá trabalhar. Todos os artigos serão recentes e versarão sobre política brasileira. Eu os deixarei disponíveis em uma pasta virtual.

Orientação sobre a primeira parte do trabalho
Cada grupo receberá dois ou mais artigos, com visões diferentes sobre o mesma tema. A primeira parte do trabalho consiste em:

1. Introdução
1.1 Apresentação da temática
1.2 Apresentação do trabalho desenvolvido

2. Apresentação dos argumentos
2.1 Apresentar os principais argumentos dos textos, separadamente
2.2 Pesquisar dados e referências externas que corroborem os argumentos apresentados (SEMPRE citar a fonte dos dados e referências!), separadamente para cada texto
2.3 Relacionar os artigos a pelo menos duas leituras obrigatórias ou sugeridas do segundo bimestre -- separadamente para cada texto. A expectativa aqui é que as leituras sirvam de embasamento conceitual e analítico para os artigos, isto é, a expectativa é problematizarem os argumentos dos artigos a partir do material ao qual estão expostos neste bimestre

3. Identificação de proposições e asserções inadequadas
3.1 Listar termos e frases que eventualmente não contribuem para um debate construtivo sobre a temática
3.2 Justificar a seleção de termos e frases inadequados listados
3.3 Avaliar o impacto da utilização desses termos e frases inadequados

4. Identificação de controvérsias
4.1 Organizar de modo sistemático os argumentos dos textos que versam sobre os mesmos assuntos
4.2 Identificar argumentos que apenas um dos artigos trata
4.3 Avaliar e problematizar o conflito ou o acordo em relações aos argumentos sobre os mesmos assuntos (4.1)
4.4 Sugerir prováveis respostas que os autores de outra perspectiva dariam aos argumentos não tratados (4.2), a partir de pesquisa e referência externa (SEMPRE citar a fonte dos dados e referências!)

5. Conclusão e síntese
5.1 Avaliar e problematizar a controvérsia identificada na seção anterior
5.2 Resumir as etapas do trabalho realizado
5.3 Apontar possíveis formas de solucionar a controvérsia, especialmente formas que potencializem aquilo que há de comum nos argumentos (se isso for possível)

6. Discussão
6.1 Discutir e problematizar a controvérsia identificada na seção anterior a partir do texto de Norbert Elias, "Ensaio teórico sobre as relações estabelecidos-outsiders". Disponível aqui.
6.2 Discutir e problematizar a controvérsia identificada na seção anterior a partir do texto de Umberto Eco, "Prefácio a Apocalípticos e Integrados". Disponível aqui (em boa versão, mas em espanhol) e aqui (em versão menos boa, mas em português).
6.3 Discutir e problematizar a controvérsia identificada na seção anterior a partir do texto de Jürgen Habermas, "Conhecimento e interesse (Ramo e interesse: retrospecção — Kant e Fichte)". Disponível aqui.

6.4 Discutir e problematizar a controvérsia identificada na seção anterior a partir do texto de Clemilton Lopes Pinheiro, "A refutação no gênero artigo de opinião". Disponível aqui.

Nota e prazo de entrega da primeira parte do trabalho
A primeira parte do trabalho equivale a 50% da nota bimestral. A segunda parte do trabalho equivale a 25% da nota bimestral. A prova de verificação de leitura equivale a 25% da nota bimestral.

A primeira parte do trabalho final deve ser realizada impreterivelmente até 1-3/6.

Não serão aceitos trabalhos fora do prazo, em qualquer hipótese.

Divisão de tarefas na primeira parte do trabalho
A divisão das tarefas dentro do grupo fica a critério do grupo, mas é exigido que, na entrega do trabalho, esteja discriminado o que cada estudante realizou no trabalho. Essa explanação deve ter pelo menos um parágrafo por estudante. Levarei isso em consideração para a nota, que terá então uma fatia dada pelo trabalho como um todo e uma fatia pela contribuição de cada pessoa no grupo.

Minha sugestão é que cada seção do trabalho tenha pelo menos duas pessoas trabalhando em conjunto, para evitar problemas.

Formato na primeira parte do trabalho
A exigência é de no máximo 20 páginas (fonte Times New Roman 12, parágrafo simples, margem convencional). Trabalhos maiores não serão aceitos. A folha de capa, o sumário, a folha de explanação e a bibliografia não contam nas 20 páginas. Lembre-se que a síntese é uma qualidade acadêmica.

A entrega do trabalho deve impreterivelmente ser feita em versão impressa e eletrônica, até o prazo máximo estabelecido para a entrega (ver acima).

Não serão aceitos trabalhos entregues fora do prazo, em qualquer circunstância.

Plágio
Como sabem, plágio é indicação de improbidade acadêmica. Há material de referência sobre isso no plano de aula e recomendo vivamente que leiam esse material, em caso de dúvida sobre como fazer referências a obras consultadas. Todo plágio acarretará nas penalidades previstas no regimento interno da faculdade.

Como os trabalhos serão entregues em versão eletrônica, eu os passarei todos em um detector de plágio. Espero não detectar nada... Mas se houver comprovação de material indevidamente copiado sem referência adequada, o/a responsável pela seção em que o plágio está localizado tirará zero em todo o trabalho (primeira e segunda partes incluídas) e todo o grupo perderá um ponto e meio na nota do trabalho.

Dúvidas

Não hesite em entrar em contato comigo, em caso de dúvida sobre essas instruções. Mas não darei esclarecimentos específicos sobre seu trabalho fora da data específica em que faremos isso.

domingo, 24 de abril de 2016

Notas postadas; faltas só na semana que vem

Já coloquei as notas do primeiro bimestre no sistema. As faltas serão incluídas na semana que vem, já que a aula da semana que vem ainda é oficialmente no primeiro bimestre. Bom fim de domingo!

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Leitura para 27 e 29 de abril

A leitura de trechos de Capitalismo, socialismo e democracia, de Joseph Schumpeter, abre nossa seção do curso sobre democracia. Trata-se de um texto clássico, de um autor que de certo modo fundou ou pelo menos encorpou uma tradição de estudos sobre democracia, que poderíamos chamar de "elitista", numa linha conservadora bastante influenciada por Max Weber. Schumpeter foi um dos principais economistas do fim do século XIX e início do século XX, com escritos fundamentais sobre organizações políticas, inovação tecnológica, desenvolvimento e economia política. Esteve envolvido em grandes polêmicas com pensadores da tradição marxista, sempre de maneira respeitosa, sabendo reconhecer, mesmo criticamente, os fundamentos da argumentação das pessoas com quem debatia.
O trecho que selecionei para nossa leitura é forçosamente "datado", com alguns comentários sobre natureza humana que, para nós, "os de hoje", parecem sem sentido e erradas -- e provavelmente o são. Mas espero que consigam tirar da leitura aquilo que realmente importa, reconhecendo o fundamento daquilo que diz sobre o funcionamento das democracias nas sociedades modernas. É uma leitura no geral sombria, pessimista, mas muito "realista".
Na leitura, vejam os elementos com os quais ele descreve o que chama de teoria clássica da democracia e anotem os elementos principais da definição schumpeteriana, que será nosso ponto de partida para falar de democracia hoje em dia.

Joseph Schumpeter, em foto de 1940. Fonte: Wikimedia Commons.

Para 27 e 29 de abril, por favor, leiam os capítulos "A doutrina clássica da democracia" e "Mais uma teoria da democracia", respectivamente os capítulos 21 (seções 1, 2 e 3) e 22 (seção 1), na parte IV, de Capitalismo, socialismo e democracia. O livro está disponível integralmente no link abaixo (e recomendo que, além dos trechos obrigatórios, leiam o máximo que puderem, pois é realmente um autor de uma clareza impressionante):

http://www.imil.org.br/wp-content/uploads/2013/01/Capitalismo-socialismo-e-democracia-Joseph-A.-Schumpeter.pdf

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Poder e jornalismo: a conturbada relação no caso do vazamento -- texto de E. Bucci

Vazamento é a mãe - Aliás - Estadão 07/03/16 10:36

http://alias.estadao.com.br/noticias/geral,vazamento-e-a-mae,10000019737 Página 1 de 3

EUGÊNIO BUCCI - O ESTADO DE S.PAULO


Para as autoridades federais, jornalistas não investigam, não pesquisam, não entrevistam, não raciocinam. Ora, o
que é uma notícia senão um segredo revelado?, questiona professor da USP
No detalhe do detalhe, o espírito da coisa toda. Você pode achar que a compreensão que as autoridades têm – ou não têm – da palavra
“vazamento” é um mero e insignificante detalhe no meio dessa confusão convulsionada em que se converteu o País. Você pode achar que,
enquanto as paredes da República despencam sobre cabeças ocas, ninguém vai querer se ocupar dos significados desse termo,
“vazamento”. Qual a relevância disso? De fato, há temas bem mais urgentes, mais vitais, a merecer a atenção da cidadania. No entanto, os
detalhes...
Este detalhe, por exemplo: o sentido da palavra “vazamento”. Se olharmos bem para esse mínimo detalhe, veremos que aí repousa,
intacto, o espírito da coisa toda. O que é que o governo federal pensa sobre a imprensa? A resposta não está nos grandes movimentos, nas
solenidades pomposas, nas performances midiáticas, desde as mais espetaculosas até as mais desastradas. Quem quer entender o que vai
na cabeça dos estrategistas do Planalto sobre imprensa não deve se iludir com o jogo de cena das gravatas e dos tailleurs – deve seguir a
trilha da palavra “vazamento”.
Vamos atrás dessa trilha. Depois que a revista semanal Isto É foi às bancas na quinta-feira com os termos da delação premiada do
senador petista Delcídio Amaral, ex-líder do governo no Senado, autoridades federais das mais altas patentes iniciaram sua pregação
contra o “vazamento”. Na visão delas, o que sai na imprensa sobre a corrupção praticada por réus mais ou menos ligados ao governo não
decorrem do trabalho de reportagem, de esforço de apuração, do talento e da determinação de profissionais maduros. Tudo resulta
daquilo que servidores da Polícia Federal, do Ministério Público ou do Judiciário “vazam” com as piores intenções deste mundo.
Na visão dos adeptos desse discurso fanatizante do governo federal, repórteres apenas recebem passivamente o “vazamento” e depois vão
cuidar de estampá-lo nos jornais, com espalhafato e sensacionalismo, sem pensar nas consequências. Para as autoridades federais,
jornalistas não investigam, não pesquisam, não entrevistam, não raciocinam, não escolhem, não hierarquizam as informações que
publicam. Na narrativa oficial do Palácio do Planalto, que agora elegeu a entidade do “vazamento” como a grande culpada pela crise
brasileira, a imprensa não passa de uma central de “office boys” a serviço da intriga, um bando de moleques de recados, um correio
deselegante sem discernimento crítico e sem responsabilidade social. É assim que, quando falam em “vazamento”, essas autoridades
ofendem o jornalismo.
Um bom exemplo dessa mentalidade pode ser encontrado na nota oficial da Presidente da República divulgada na quinta-feira. Vamos ao
texto:
“Os vazamentos apócrifos, seletivos e ilegais devem ser repudiados e ter sua origem rigorosamente apurada, já que ferem a lei, a justiça e
a verdade. Se há delação premiada homologada e devidamente autorizada, é justo e legítimo que seu teor seja do conhecimento da
sociedade. No entanto, repito, é necessária a autorização do poder Judiciário. Repudiamos, em nome do Estado Democrático de Direito, o
uso abusivo de vazamentos como arma política. Esses expedientes não contribuem para a estabilidade do País.”
Francamente, as recentes declarações presidenciais sobre “mulher sapiens” e “pernilonga” eram mais inteligentes. Há mais fundamento
científico no conceito de “pernilonga” do que há conhecimento sobre a história da imprensa na democracia nas considerações que ela
assinou sobre os “vazamentos”.
Não há dúvida de que um agente policial que entrega a um repórter um documento sigiloso da instituição em que trabalha incorre numa
prática irregular ou mesmo criminosa (quando essa conduta corresponde a um tipo penal devidamente descrito na lei). Um segredo
policial deve ser guardado pelos funcionários públicos que trabalham com ele. Do mesmo modo, um segredo de Justiça deve ser mantido
em sigilo por aqueles que, no poder Judiciário, dele se ocupam. Segredos de Estado, sob guarda do Executivo, são resguardados por
mecanismos institucionais análogos. Quando um servidor do Estado, em qualquer esfera estatal, comete o deslize de contrabandear uma
informação sigilosa a ele confiada, seu ato deve ser investigado, julgado e, se condenado, punido. Até aí, estamos todos de acordo.
O problema começa quando estendemos o mesmo raciocínio para enquadrar os repórteres. Não dá certo. Essa lógica, que vale para o
servidor público encarregado de tomar conta de segredos legalmente definidos como segredos, não vale para a imprensa. Ao contrário: se
é papel do agente público zelar pela proteção de um ou outro sigilo, o papel da imprensa é o oposto. Ela deve – no sentido de ter o dever
de – ficar de olho no poder e trabalhar para descobrir os segredos do poder. Ao descobri-los, deve avaliar a necessidade e a pertinência de
torná-los públicos. Eis aí o núcleo do trabalho mais essencial da instituição da imprensa livre. O que é uma notícia senão um segredo
revelado?
Até podemos chamar de “vazamento” a informação sigilosa que desliza, por algum motivo, para fora do âmbito de controle do poder, mas
não podemos chamar de “vazamento” uma reportagem, mesmo que, para a realização dessa reportagem, possa ter sido usado o conteúdo
informativo de um “vazamento”. O nome de reportagem é reportagem. Chamá-la de vazamento é injuriá-la. Reportagem é fruto do
trabalho de repórteres. “Vazamento” é um conceito hidráulico que designa também o movimento da informação que escapa
clandestinamente de uma esfera encarregada de mantê-la para um domínio ao qual ela não estava originalmente destinada. Chamar de
“vazamento” uma reportagem para a qual contribuíram diversas equipes de profissionais é desqualificar e desrespeitar essas equipes.
Quem insiste em chamar o trabalho da imprensa de colagem de vazamentos está interessado em confundir a opinião pública.
Não é só isso, infelizmente. Olhemos a questão com um pouco mais de detalhismo. O que é que a presidente quer dizer com “uso abusivo
de vazamentos como arma política”? Ela por acaso acredita que alguma grande reportagem, grande no melhor sentido da palavra, uma
reportagem que tenha ferido o nervo do poder, não contou com informações cedidas por pessoas ou grupos que tinham o objetivo de
derrotar os interesses de outras pessoas e outros grupos, usando a informação como “arma política”? Escolha uma grande cobertura,
qualquer uma, e você verá que a resposta é não. É sempre não.
Podemos pensar na sequência de boas reportagens (de vários órgãos de imprensa) que, em 1992, culminou com o afastamento do então
presidente da República Fernando Collor de Mello. Em 1992, Pedro Collor, irmão do então chefe de Estado, deu sua famosa entrevista à
revista Veja em que acusava o presidente de usar o tesoureiro de sua campanha como testa de ferro, além de outros abusos. Como Pedro
Collor não provava nada, absolutamente nada do que dizia (e muitos dos que hoje querem expulsar Delcídio do PT aplaudiam de pé a
revista que o entrevistou), é o caso de perguntar: ele não estava em guerra aberta contra o irmão? Não estava usando suas declarações
como “arma política”?
Mudemos agora de país sem mudar de assunto. Será que o “Garganta Profunda”, a fonte que abasteceu Bob Woodward, do Washington
Post, com pistas mais que privilegiadas sobre o escândalo de Watergate, no início dos anos 70, não estava usando e abusando de
“vazamentos como arma política”? Estava, sim senhor. Nixon teve de renunciar em 1974, sem que fosse revelada a identidade daquela
fonte fundamental. Somente três décadas depois é que se soube: “Garganta Profunda” era William Mark Felt, nada menos que o número
2 do FBI no governo Nixon. Ele só falou o que falou porque se ressentiu de não ter sido promovido a número 1.
Existe alguma fonte decisiva, em alguma cobertura decisiva, que fira o poder de verdade, que não esteja em guerra contra alguém? Existe
alguma fonte só com boas intenções? Claro que não. No entanto, Dilma Rousseff e seus porta-vozes querem levar o Brasil inteiro a
acreditar que sim.
Segundo a narrativa palaciana, os jornalistas só fazem aquilo que o poder Judiciário autoriza e só escutam fontes que não usam suas
informações como “arma política”. Na vida real das democracias, o ideal do jornalismo é o contrário. Jornalistas entrevistam gente
descontente, gente que se sentiu ultrajada, gente com sede de vingança. O papel do jornalista é ouvir, com atenção absoluta, e então
separar o que é rancor e ódio do que é de genuíno interesse público. Esse julgamento – que não é simples de fazer, e que o Judiciário é
incompetente para fazer, em todos os sentidos – é o julgamento que só a imprensa pode fazer.
A sociedade livre precisa da imprensa porque só ela, só a imprensa, vai bulir com o que o poder prefere esconder e, depois, vai contar
tudo (o que seja de interesse público) para todo mundo. Sem a profissão de jornalista, o totalitarismo triunfaria, seja sob Nixon, sob
Collor ou sob Dilma. A sociedade precisa da imprensa porque só a imprensa tem compromisso não com os segredos do poder, mas com o
direito à informação do cidadão. No dia em que abaixar a cabeça para os critérios editoriais de magistrados ou para as teorias
jornalísticas desse pessoal que anda em Brasília, a imprensa terá morrido.
Você pode dizer que jornalistas erram, e terá razão. Todo tipo de agressão, desgraçadamente, é perpetrada em nome do direito de
informar. Há páginas de vergonha na imprensa brasileira, e não são poucas. Mas não caiamos na ilusão de que o caminho para o bom
jornalismo está na obediência à autoridade. Por melhor que esta seja. É graças ao jornalismo livre, por pior ele tenha sido, que os
cidadãos têm conseguido saber sobre os crimes dos poderosos. É graças aos vazamentos e, ainda mais, graças a alguns jornalistas
excepcionalmente bons, que não se curvam.
EUGÊNIO BUCCI É JORNALISTA, PROFESSOR DA USP E ARTICULISTA DA PÁGINA 2 DO ESTADO

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Slides da aula sobre alternativas ao capitalismo

Seguem aqui os slides da aula sobre a discussão contemporânea da alternativa ao capitalismo. Discutimos a visão clássica sobre o socialismo e a reflexão recente de Erik Olin Wright. Há também alguns pontos centrais de estudo. Boa preparação para a prova da semana que vem!

terça-feira, 5 de abril de 2016

Luta de classes, na Folha de S.Paulo



4/5/2016 A visita da velha senhora - 05/04/2016 - Mario Sergio Conti - Colunistas - Folha de S.Paulo
A visita da velha senhora
05/04/2016 02h00
Mario Sergio Conti

Depois de décadas da lenga­lenga que o Brasil é um primor de harmonia, pacata família na qual todos se entendem, eis que a velha senhora dá o ar da sua graça. Está mudada, mas os gestos ríspidos são inconfundíveis. Entrou sem pedir licença e, colérica, sapateia na sala. A luta de classes está de volta.
Julgou­se que, de tão reconfiguradas, as classes em conflito não seriam mais o motor da história. O choque entre elas não faria nexo numa nação que se reformava de maneira pacífica, ainda que a passo de jabuti. A pedra filosofal era a Presidência popular (mas respeitadora, nhô sim) que afagava ricos, remediados e ralé.
Eis que, em colapso econômico, a sociedade deixa de produzir o suficiente para gregos e troianos. As classes ficam cônscias de seus interesses e tentam tomar o quinhão de outras classes. O equilíbrio se rompe e a anciã irrompe. O arranca­rabo se dá na política. Busca­se o poder de Estado, que organiza a divisão daquilo que o trabalho produz.
De um lado, colocaram­se as federações das indústrias paulista e carioca, a Confederação Nacional da Indústria, associações comerciais de todos os tamanhos e um sem­número de aparelhos patronais. Falta a Federação dos Bancos, mas Roberto Setúbal já deu a linha justa.
Dias depois da grande manifestação contra o governo, o dono do Itaú, o maior banco privado em depósitos, cobrou a participação dos estudantes numa palestra na USP: "Não vi vocês na avenida Paulista no domingo. Havia muito pouco estudante, o que é frustrante" ("Valor", 17 de março).
A fronda burguesa tem como estandarte o pato com horror a impostos. Fofinho, ele é a sereia da Fiesp para atrair a classe média, em cujas fileiras se crê que o Estado é aparelhado pelo PT e por –que horror– trabalhadores, e ainda por cima, petistas. Também desconfia que os impostos sustentem os "vagabundos" do Bolsa Família.
Do outro lado, estão os suspeitos de sempre. São sindicatos de trabalhadores, funcionários públicos, setores da pequena burguesia, os sem eira nem beira de vários matizes. Em que pese a mobilização diária de uns e outros e o espaço exíguo para neutralidade, a parada não está decidida.
Como sói ocorrer quando a alquebrada senhora surge, a linguagem do passado ressurge e se abandona o acessório. Do passado veio a palavra "golpe", que pertence ao vocabulário de 1964. A corrupção virou ornamento dispensável: Eduardo Cunha e Renan Calheiros conduzem o impeachment no Parlamento.
Cada lado tem o seu quartel. No das classes abastadas, sobra grana e falta líder. Aécio e os tucanos foram postos para correr do ato do dia 13; Temer e o PMDB não inspiram nem unem; Marina e sua Rede são opacas; Moro não tem pinta de Bonaparte.
As classes subalternas têm Lula, Dilma e o PT, mas os três oscilam. Depois de levado para depor, Lula disse que daria combate aos inimigos ("pão, pão; queijo, queijo"). Passaram­se uns dias e avisou que buscaria um acordo com eles ("virei outra vez o Lulinha paz e amor"). Dilma cedeu os anéis para manter os dedos e enaltece sua retidão pessoal.
O povo trabalhador está ressabiado. Acompanha o zigue­zague de Lula. Viu Dilma prometer na campanha que zelaria por ele e, eleita, que passou a falar em reajuste, reforma da Previdência e impostos transitórios. Está careca de saber que parte da direção do PT se corrompeu.
A velha senhora é uma visita que não vai embora.

Endereço da página:
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domingo, 3 de abril de 2016

Slides da aula sobre classes

Aqui estão os slides da aula sobre classes sociais. 

Por favor, avisem-me por email: japeschanski@casperlibero.edu.br , se estiverem com problema para ver esse ou outro documento colocado no blog.

Até a semana que vem!