quarta-feira, 25 de maio de 2016

Texto de apoio para a teoria do Habermas

Atendendo a pedidos, segue um texto de análise da obra do Habermas sobre democracia, comunicação e consenso. Espero que ajude.

http://www.ufrgs.br/cedcis/habermas.pdf

Aqui, a autora faz uma boa síntese de ideias centrais que estão no texto que indiquei.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Leitura do O'Donnell

Infelizmente, tivemos de tirar o texto do O'Donnell de nossa programação. Segue o link, se for do interesse de alguém, por exemplo para o trabalho. 

http://novosestudos.uol.com.br/v1/files/uploads/contents/65/20080624_democracia_delegativa.pdf

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Leitura para 1-3 de junho

Na terceira aula da seção sobre democracia, vamos analisar mais a fundo o funcionamento do regime tido como seu oposto, a ditadura. Para isso, leremos um célebre texto do exímio cientista social Fernando Henrique Cardoso que se indaga justamente sobre as bases de sustentação e estabilidade do regime de exceção. O texto está no link abaixo:


http://www.cebrap.org.br/v1/upload/biblioteca_virtual/o_regime_politico_brasileiro.pdf

Em caso de dúvida ou problema, entrem em contato comigo: japeschanski_at_casperlibero.edu.br
Por conta da mudança da data da prova, atendendo a uma norma da direção da faculdade, fui obrigado a modificar nossa programação bimestral, que havia sido exposta aqui. Ficou assim:

18-20/5
Reunião dos grupos de trabalho


25/5
Reunião dos grupos de trabalho


1-3/6
A transição e o funcionamento do regime de exceção
Cardoso, Fernando Henrique. "O regime político brasileiro."
Variáveis qualitativas e quantitativas; Descrições de centro
8-10/6
Reunião dos grupos de trabalho


15-17/6
Prova bimestral


22-24/6
Avaliação do semestre


29/6
Devolutiva



Infelizmente, no caso do noturno a prova terá de ser na mesma semana que a do Prof. Welington. Não era o esperado, até porque havia conversado com ele e havíamos estabelecido um cronograma em comum acordo para evitá-lo, mas agora não há o que fazer. O alento é que a prova do segundo bimestre é curta, até porque vale pouco da nota final.

A entrega da segunda parte do trabalho será na mesma data da prova bimestral.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Argelina Cheibub Figueiredo, na Folha

13/05/2016 - O que deu errado? Não culpemos as instituições -

ARGELINA CHEIBUB FIGUEIREDO ESPECIAL PARA A FOLHA

A pergunta feita a mim pela Folha não foi por acaso. Sempre argumentei que as instituições representativas e de governo brasileiras –ou seja, o presidencialismo, o federalismo, o sistema proporcional de lista aberta e o multipartidarismo– não constituíam obstáculos para o funcionamento e a mudança de políticas públicas em governos de coalizão.
A centralização decisória estabelecida na Constituição de 1988, com o aumento dos poderes legislativos do Executivo, e o fortalecimento dos líderes partidários inscritos no regimento da Câmara dos Deputados podem funcionar como instrumentos de barganha entre o governo e sua base parlamentar, resultando em apoio congressual sistemático e na capacidade do governo de aprovar suas propostas legislativas.
Por isso, sempre fui contra mudanças drásticas das nossas instituições representativas e de governo, pois elas garantem acesso das demandas da população ao centro decisório e mais equilíbrio entre os poderes.
Seus efeitos na representação e na participação dos cidadãos compensam eventuais conflitos que possam gerar na formulação de políticas públicas.

Se os constituintes decidiram maior centralização decisória para garantir mais eficácia e legitimidade ao governo democrático, não é preciso colocar uma camisa de força na representação, fomentar artificialmente o majoritarismo, promover a fusão dos poderes Legislativo e Executivo e
muito menos negar representação nos governos subnacionais.
Os 20 anos de estabilidade econômica e política me parecem suficientes para demonstrar que essa combinação institucional não é inviável.
Durante esse período testemunhamos significativas mudanças na organização do Estado e da economia, na política e nas políticas públicas e, principalmente, na incorporação econômica e social das camadas mais baixas da população, além de comprovada melhoria de suas condições de vida.
Tudo isso foi conquistado com extensa e crescente participação social e eleitoral, ao contrário do que ocorre nas chamadas democracias consolidadas, ou mais antigas, como prefiro.
O Brasil que retornou plenamente à democracia em 1988 é muito melhor do que o país entregue pelos militares. E, apesar do longo caminho ainda a percorrer, certamente é mais justo.
O que deu errado, então? Nada a ver com as instituições, pelo menos não com as instituições em geral responsabilizadas pelas mazelas do sistema político brasileiro.
O que temos hoje é um cabo de guerra entre um governo fragilizado pelo baixo desempenho da economia e pelas denúncias de seu envolvimento em práticas corruptas e uma oposição desleal, ou seja, aquela que, segundo os manuais de ciência política, não aceita as regras do jogo. Vejamos.
A origem da crise está na vitória do PT nas eleições de 2014. O país enfrentava sérios problemas econômicos que ameaçavam os ganhos obtidos pela população por mais de uma década. A baixa popularidade do governo expressava o descontentamento com a situação. Além disso, denúncias de um esquema de corrupção na Petrobrás, liderado pelo partido do governo, alimentavam as manchetes jornalísticas diariamente.
Ao final do processo, o PSDB, principal partido de oposição, não aceitou sua quarta derrota na disputa presidencial. Solicitou a recontagem dos votos, demanda negada pela Justiça Eleitoral, fiadora até então inconteste da lisura das eleições brasileiras.
Nascia aí o objetivo que mais tarde se tornaria claro, o objetivo de não permitir que a presidenta concluísse seu mandato, custasse o que custasse.
A coalizão oposicionista se ampliou e ganhou as redes sociais e as ruas. A primeira grande manifestação contra o governo foi em março de 2015 e outras se seguiram durante o ano, além dos panelaços a qualquer ação pública da presidenta.
O apoio mais conspícuo entre as "classes produtoras" veio da Fiesp, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, mas ela não foi exceção. A imprensa oligopolista foi conivente com vazamentos de delações em momentos estratégicos e não negou manchetes, além de reportagens enviesadas e análises favoráveis à oposição.
No front legislativo, o segundo mandato inicia com a disputa entre o PT e o PMDB pela presidência da Câmara e a vitória do candidato do PMDB, Eduardo Cunha, azedando ainda mais as relações
do governo com seu maior aliado e com sua base parlamentar.
Denunciado pela Justiça, o presidente da Câmara faz um verdadeiro leilão de seu apoio ao governo ou à oposição em troca de proteção, até romper definitivamente com o governo.
Usando de todas as prerrogativas do cargo, todas as ações de Eduardo Cunha tiveram um único objetivo: tornar críveis suas ameaças visando proteção.
Com a denúncia contra ele aceita pelo Supremo Tribunal Federal e um processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara, Cunha acolhe, em dezembro de 2015, um dos muitos processos que pediam o impeachment da presidente.
Em 2016, manifestações de apoio ao governo se contrapõem às da oposição. Fica cada vez mais claro o antagonismo entre projetos políticos dos dois grupos liderados pelo PT e o PSDB, o que aliás já era evidente nas eleições.
O PT deu de bandeja as bandeiras que a oposição abraçou. Medidas tomadas pelo governo no primeiro mandato de Dilma e os as práticas adotadas pelo partido para se manter no poder criaram um adversário mais fácil de ser abatido.
E a oposição ainda contou com o apoio de setores econômicos e sociais mais poderosos. A origem da crise, portanto, não está nas instituições, mas na correlação de forças entre diferentes grupos políticos.

Temos que parar com a mania de culpar as instituições básicas da República –presidencialismo, multipartidarismo, federalismo– por crises que têm raízes sociais, econômicas e políticas. Isso é diversionismo.

ARGELINA CHEIBUB FIGUEIREDO é professora do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj e autora de "Democracia ou Reformas? Alternativas Democráticas à Crise Política - 1961- 1964" (Editora Paz e Terra) e coautora de "Executivo e Legislativo na Nova Ordem Democrática" (Editora FGV)

terça-feira, 10 de maio de 2016

Mudança obrigatória na semana de prova

Acabamos de ser informados que a semana de prova foi antecipada em uma semana. A mudança é obrigatória. Isso afeta nossa programação. Discutiremos isso em sala de aula.

domingo, 8 de maio de 2016

Evento obrigatório: II SEMANA DE DEBATES DE CULTURA GERAL - INVISIBILIDADES, ALTERIDADES E CONVIVÊNCIAS

II SEMANA DE DEBATES DE CULTURA GERAL
 INVISIBILIDADES, ALTERIDADES E CONVIVÊNCIAS
11 a 13 de maio de 2016
Local: Teatro Cásper Líbero
 
O evento busca agregar pessoas e experiências num espaço de discussão capaz de refletir sobre a questão da (in)visibilidade a partir de pertencimentos de raça, gênero, classe, sexualidade, etc. Nosso objetivo é discutir como essa questão se relaciona com as diversas percepções do outro, ora dificultando, ora possibilitando convivências.
 
 
Público interno: alunos e professores
Público externo: mediante inscrição pelo e-mail do Centro de Eventos: eventos@fcl.com.br
 
 
Programação
 
Dia 11/05, quarta-feira, 8h30
Abertura:  com a presença do Diretor da Faculdade, Prof. Dr. Carlos Costa, e da Coordenadora de Cultura Geral, Profa. Dra. Sonia Castino
 
 
Mesa: Relações centro-periferia: mobilidade e direito à cidade
Nas últimas décadas, as cidades foram incorporadas ao circuito de valorização do capital, impondo a uma parcela da população um processo contínuo de segregação socioespacial que acaba por se refletir em uma das variadas faces da desigualdade.
 
A desigualdade social das cidades brasileiras é expressa através de uma lógica de segregação que contrasta uma cidade formal e uma cidade informal, definidas no espaço geográfico pelo centro, dotado de toda infraestrutura urbana necessária, e pela periferia, tornada invisível.
 
Nesse cenário, a mesa propõe discutir as variadas possibilidades de manifestação sobre o direito à cidade e a relevância do tema dentro de uma conjuntura de questionamento das políticas urbanas, sobre as diversas maneiras de ocupação do espaço público e novas formas de manifestação política.
 
Mediação: Raphael Brito Faustino. Professor de Economia da Faculdade Cásper Líbero, mestre em Desenvolvimento Econômico pela UNICAMP, trabalha com temas relacionados às políticas públicas de desenvolvimento urbano, como habitação, saneamento e mobilidade urbana.
 
Debatedores:
William Vella Nozaki. Doutorando na área de Desenvolvimento Econômico no Instituto de Economia da UNICAMP. Mestre em Desenvolvimento Econômico, com ênfase em História Econômica, pela UNICAMP. Bacharel em Ciências Sociais pela USP.
 
Graziela Krohling Kunsch. Artista plástica. Doutoranda e Mestre em Cinema pela ECA-USP. Editora da revista Urbânia. Além de seus projetos em performance e vídeo assume os papéis de curadora, editora e professora. Na 29ª Bienal de São Paulo, apresentou o “Projeto Mutirão”, que compreendeu uma série de vídeos que documentam a produção coletiva de uma nova cidade.
 
Jefferson Mariano. Doutor na área de Desenvolvimento Econômico pela UNICAMP, Mestre em Economia pela PUCSP, Bacharel em Sociologia e Ciência Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, atualmente é Analista Socioeconômico do IBGE e professor da Faculdade Cásper Líbero.
 
 
 
 
 
 
Dia 11/05, quarta-feira, 19h00
Exibição do filme de Anna Lucchese “Identidade cotidiana”
Mesa: Arte e Política
 
Propõe-se discutir se toda arte exerce uma função política ou se tem uma dimensão política, mesmo quando não se tratar da chamada “arte engajada” - vinculada diretamente a temas ou posicionamentos político-partidários, uma vez que todo fazer artístico é histórico e reflete suas condições de produção e circulação. Quer-se discutir até que ponto a arte tem o poder de transformar ideias e atitudes e como o artista/poeta se define hoje em relação ao homem, como elemento da sociedade e como participante ativo de seus enfrentamentos.
 
Mediação: Alexander Maximilian Hilsenbeck FilhoDoutor em Ciência Política, leciona Ciência Política na Faculdade Cásper Líbero, escreveu artigos relacionando Arte e Política, especialmente as potencialidades do uso do teatro, literatura e estética pelos movimentos sociais.
 
Debatedores:
Anna Carl Lucchese. Bacharel em RÁDIO E TV, pela Faculdade Cásper Líbero, fez pós-graduação em direção cinematográfica na ESCAC - Escola Superior de Cinema i Audiovisuals de Catalunya (Barcelona/Espanha). Trabalhou como editora e diretora de cena na TV Cultura e para produtoras. Atualmente é diretora do talkshow “A Máquina”, da TV GAZETA. Em 2015, finalizou seu primeiro documentário de longa-metragem, “Identidade Cotidiana”.
 
Dawn Fleming e María Agustina Comas - Personagens do documentário “Identidade cotidiana”
 
Fernanda Azevedo. Atriz da Kiwi Companhia de Teatro. Bacharel em artes cênicas pela UniRio, estudou teatro na França e fez participações na minissérie Chiquinha Gonzaga (1999) e no seriado Mulher (1999), produzidos pela Rede Globo, e no filme Olga, dirigido por Jayme Monjardim em 2004. Foi vencedora, em 2014, do 26º Prêmio Shell de melhor interpretação feminina, pelo espetáculo “Morro Como um País”, mas recusou o prêmio.  
 
Oswaldo Ramos Mendes Filho. Jornalista, ator formado pela Escola de Arte Dramática, diretor de teatro e dramaturgo. Escreveu a peça “As Insubmissas”, em 2014. Tem onze peças escritas e encenadas. Para Elis Regina, dirigiu o show “Essa Mulher”, em 1979.
 
Rodrigo Ciríaco. Escritor, blogueiro, professor, mediador de leitura e ativista cultural. Tem desenvolvido várias ações literárias nas periferias de São Paulo, como o coletivo cultural Sarau dos Mesquiteiros, os projetos Cooperifa e Rachão Poético – Copa Mundão de Poesia, e o selo literário Edições UM por TODOS. Escreveu: Te pego lá fora, 100 máguas e Vendo Pó…esia. Produz o blog “Efeito Colateral” e integra o Conselho Diretivo do PNLL – Plano Nacional do Livro e Leitura.
 
 
 
Dia 12/05, quinta-feira, 8h30
 
Mesa: Protagonismo, empoderamento e lugares de fala: potencialidades, necessidades e limites
Por sua materialização no cenário político atual, propõe-se refletir sobre as potencialidades, necessidades, limites e alcances das ideias de empoderamento, protagonismo e lugares de fala. Qual é a importância do empoderamento na conquista de espaços de atuação social e como se converte em protagonismo? Como o protagonismo coloca e questiona o lugar de fala de pessoas, a partir de sua condição social? O lugar social (sempre generificado, racializado, etc.) coloca limites claros para a produção de discursos socialmente engajados? Só é possível refletir legitimamente sobre preconceitos, opressões e questões que se conheçam diretamente por meio de experiência própria, caso contrário o discurso toma a forma de roubo de protagonismo?
 
Mediação: Vitor Grunvald. Professor de Antropologia da Cásper Líbero, é doutor em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP), com período de pesquisa no Departamento de História de Arte e Estudos da Comunicação na McGill University, Canadá. Pesquisador do Grupo de Antropologia Visual (GRAVI) e do Núcleo de Antropologia, Performance e Drama (NAPEDRA), ambos da USP, trabalha há mais de dez anos com marcadores sociais da diferença, com ênfase em gênero e sexualidade.
 
Debatedores:
Elvis Justino Stronger. Representante político da Família Stronger. Organizador do ato “Kaique” e do Cinediversidade do Grajaú. Ganhou prêmios de militância importantes, como o organizado pela APOGLBT e de militância jovem organizado pelo programa Liberdade de Expressão em parceria com a Câmara de São Paulo. Atua na rede Respeito se Aprende na Escola, Autorama legal e no Movimento Tatuapé LGBT.
 
Amara Moira. Ativista trans. Blogueira. Doutoranda em Teoria Literária pela UNICAMP.
 
Eliane Dias. Ativista feminista. Advogada. Foi assessora parlamentar na Assembleia Legislativa de São Paulo, onde atuou na Comissão de Direitos Humanos, e é hoje a produtora do maior grupo de rap do Brasil, o Racionais MC's.
 
Revolta da Lâmpada. Coletivo de ativismo queer que defende o corpo livre e as lutas de minorias sociais.
 
 
 
Dia 12/05, quinta-feira, 19h00
 
Depoimento de grupo de alunos participantes da Expedição Brasil – Holanda: vamos voar?, projeto de intercâmbio da Cásper Líbero com a Christelijke Hogeschool Ede.
 
 
Mesa: Invisibilidades e cidadanias: a questão indígena e imigrante
Propõe discutir os modos pelos quais indígenas e imigrantes têm sido percebidos, classificados e inseridos na sociedade brasileira. Destacam-se não só as atuações do Estado brasileiro, mas também o imaginário e a percepção sobre indígenas e imigrantes em diversas instâncias da nossa sociedade, como por exemplo, na mídia, nos diversos produtos audiovisuais e nos discursos de personalidades de destaque, buscando refletir sobre os conteúdos do senso comum acerca de indígenas e imigrantes.
A opção por reunir numa mesma discussão indígenas e imigrantes resulta da compreensão de que esses sujeitos vivem, igualmente, uma violenta situação de invisibilidade e exclusão social, enfrentando grande dificuldade em ter seus direitos legitimados publicamente, seja como fazendo parte dos "direitos de cidadania" ou como pertencendo aos "direitos humanos". A mesa tem a proposta de refletir sobre como esta situação de invisibilidade está relacionada à incapacidade de se aceitar a alteridade desses "outros" (indígenas e imigrantes).
 
Mediação: Sandra Lúcia Goulart. Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas com experiência na área de Ciências Sociais em geral, com ênfase em Antropologia, disciplina que leciona na Faculdade Cásper Líbero.
 
Debatedores:
Marcelo Haydu. Diretor do Adus - Instituto para Reintegração de Refugiados, que, desde 2010, atende refugiados, solicitantes de refúgio e pessoas em situação análoga ao refúgio nos programas de reintegração, orientação de trajeto e advocacy.
 
Akon Patrick. Diretor de cinema e ator de teatro haitiano de Porto Príncipe, trabalha no auxílio a refugiados e imigrantes, no Brasil e em outros países. Atualmente está no Teatro de narradores com a peça “Cidade Vodu”, sobre a situação de imigrantes e refugiados haitianos no Brasil.
 
Salvador SchavelzonProfessor e Pesquisador na Universidade Federal de São Paulo. Doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional da UFRJ. Mestre em Sociologia e Antropologia pela UFRJ. Professor e pesquisador visitante na Universidade de Califórnia. Tem publicações sobre Cosmopolítica Indígena, Antropologia do Estado, Estados Plurinacionais, América Latina, Teorias Nativas sobre o Estado.
 
Danilo Paiva Ramos.  Antropólogo, Pesquisador (Pós-doutorado) - Dep. Antropologia USP/ Dep. Linguística U. Texas. Coordenador do Grupo de Estudos de Antropologia e Linguística - GEAL/USP. Membro do Fórum sobre Violações de Direitos dos Povos Indígenas –FVDPI.
 
Sheylla Cantarelli. Advogada e ativista indígena, atua na defesa da cultura e direitos dos povos indígenas.
 
 
 
Dia 13/05, sexta-feira, 8h30
Mesa: Impactos da Flexibilização no Trabalho
 
A mesa propõe um debate sobre as reconfigurações do mundo do trabalho, principalmente a partir do processo de flexibilização. Enquanto alguns discursos exaltam o “trabalho afetivo” e as possibilidades de todos serem patrões de si mesmos, ficam invisíveis a intensificação do trabalho e a situação dos sujeitos-trabalhadores. Em um momento de crise no país, como podemos compreender esse processo e seus impactos? O que significam termos como terceirização, pejotização, informalização, empreendedorismo, precarização? Quais os impactos da comunicação e das tecnologias no trabalho? Como a mídia tem retratado o mundo do trabalho? Quais os discursos circulantes sobre o que deve ser considerado um “bom trabalho”? O que é visibilizado ou invisibilizado nesse processo?
 
Mediação: Rafael Nascimento Grohmann. Pesquisador. Doutorando e Mestre em Ciências da Comunicação pela USP. Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF.
Editor.
 
Debatedores:
Bárbara Geraldo de Castro. Professora do departamento de Sociologia da UNICAMP, doutora em Ciências Sociais, com estágio doutoral pela Open University, no Reino Unido. Tem se dedicado à pesquisa na área de sociologia do trabalho e estudos de gênero, em especial à organização flexível do trabalho (tempo, espaço e contratos atípicos), e aos seus impactos na subjetividade dos trabalhadores e trabalhadoras.
 
Ludmila Costhek AbilioPesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho da UNICAMP. É doutora em Ciências Sociais pela UNICAMP, mestre em Sociologia e graduada em Ciências Sociais pela USP. Fez seu pós-doutorado na FEA-USP sobre a constituição dos discursos sobre a chamada “nova classe média” brasileira, com estudo sobre o trabalho dos motofretistas da cidade de São Paulo. É autora do livro “Sem maquiagem: o trabalho de um milhão de revendedoras de cosméticos”.
 
Vander Casaqui. Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Práticas do Consumo da ESPM. Doutor e mestre em Ciências da Comunicação pela USP, com graduação em Publicidade e Propaganda pela Faculdade Cásper Líbero. Fez pós-doutorado na Universidade Nova de Lisboa. Atualmente desenvolve pesquisas sobre os discursos do campo do empreendedorismo social e sobre as narrativas relacionadas à cultura empreendedora. É coorganizador de livros como “Trabalho em publicidade e propaganda” e “Estéticas midiáticas e narrativas do consumo”.

“Bem-vindos ao mundo real da nossa política”

Na tarde do domingo, dia 17 de abril, o cientista político e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Jairo Nicolau, de 52 anos, sentou-se à frente da TV durante quase dez horas para assistir à votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados. Como tantos brasileiros, ele se chocou com o discurso medíocre dos deputados no anúncio do voto. Porém, Nicolau acredita que aqueles parlamentares, que citavam Deus, a família e suas cidades, representam com fidelidade o povo brasileiro. Ao aprovar o impeachment, os deputados corresponderam ao anseio de mais de 60% da população de afastar a presidente. Sobre o baixo nível da sessão, ele diz que o problema não se deve tanto aos parlamentares do “baixo clero”, mas sim à falta de uma elite de deputados que, em décadas passadas, elevava o debate.

Época – A Câmara dos Deputados tem a cara do povo brasileiro?
Jairo Nicolau – 
Nenhum Congresso do mundo é um espelho, uma amostra perfeita da população do país. Trata-se de uma Casa mais elitizada em todos os quesitos. Por mais representativa que seja, a Câmara tende a ter integrantes com escolaridade mais alta e a reunir pessoas da elite empresarial e sindical. Entre os deputados, há um número expressivo com curso superior, bem mais do que a proporção no país. A Câmara possui muito mais pessoas brancas, homens e empresários do que a média da população brasileira. Por outro lado, desde a redemocratização, a elite política mudou de perfil. Há muitos sindicalistas e pastores evangélicos. Não é mais aquela classe política tradicional que tinha só bacharéis, professores e gente da magistratura. Temos uma democratização, assim como a que ocorreu nas universidades.
Época – Até que ponto a ausência de cláusula de barreira e a existência de coligações em eleições proporcionais distorcem a representatividade do Congresso?
Nicolau –
 Os dois aspectos têm efeito negativo na representação partidária: a grande possibilidade de coligações e a ausência de uma cláusula mínima de barreira que obrigue o partido a obter, no mínimo, 1% dos votos para ter representação no Congresso. Há uma transferência de votos de uma legenda para outra. Isso aprofunda a fragmentação. Isso ficou patente na votação do impeachment. Vinte e cinco legendas indicaram votos. Algumas tinham apenas quatro representantes. A maior legenda, o PMDB, tem 67 deputados, apenas 13% do total de 513 parlamentares. Não há Parlamento no mundo em que o maior partido não tenha 20% das cadeiras.
Época – O sistema favorece a eleição de parlamentares despreparados para atuar no Legislativo?
Nicolau –
 Não há efeito significativo na qualidade dos deputados. É outra razão de os representantes terem aquela feição vista na votação do impeachment. A política se transformou em algo que afasta da atividade partidária parte da classe média. Pessoas muito talentosas não querem participar da política. Um economista prefere o setor privado a trabalhar como consultor de uma bancada na Câmara ou em um ministério. Ele evita entrar no mundo desgastado da política.
Época – Vários deputados na sessão do impeachment mencionaram seus locais de origem. É correto dizer que o Congresso representa mais interesses paroquiais que tendências ideológicas?
Nicolau –
 Nosso modelo de eleição dá muita autonomia ao deputado. Ele sobrevive sem se importar muito com o partido a que está filiado e cumpre mandato voltado a atender determinada comunidade. Boa parte deles são quase vereadores federais. Na teoria, o Congresso representa os brasileiros, e não os municípios ou Estados. Lembro-me de que, na sessão de domingo, parlamentares do Maranhão pediam desculpa ao governador por seus votos ou diziam estar ali por causa do ex-governador, ou seja, era uma prestação de contas com a política regional. Eles deveriam votar o interesse dos brasileiros, pois as leis são nacionais.
Época – O Congresso refletiu a proporção das ruas – entre 60% e 70% pró-impeachment. Isso reforça a representatividade?
Nicolau – 
Foram 72% dos votos a favor do impedimento, índice de apoio que mais ou menos se verifica na sociedade. Nesse sentido, o Legislativo foi muito fiel à população. Há uma proximidade estatística entre os dois mundos.
Época – Nas redes sociais, sites financiados pelo governo buscam desmoralizar o Congresso, dizendo que apenas 36 deputados teriam votos para ser eleitos sozinhos, e que eles arrastam todos os demais. Essa tese tem fundamento?
Nicolau –
 Esse argumento é totalmente equivocado, porque a representatividade em um sistema proporcional se dá pelo volume de votos que o partido recebe. O que conta para a distribuição de cadeiras na Câmara são os votos dos partidos. Esse sistema é super-representativo. Ele oferece muita oportunidade para os pequenos partidos, para as legendas de esquerda, de direita e outras tantas configurações.
Época – Mas, se representa tão bem os brasileiros, por que o choque geral com a qualidade dos discursos dos deputados no domingo passado?
Nicolau –
 Não é um problema do sistema eleitoral, mas de quem a população elegeu. O Congresso também representa a expressão da política brasileira. Quatro anos atrás, eu fui a uma comissão da Câmara e fiquei muito impressionado com o fato de só um deputado se manifestar corretamente, sem derrapar feio na língua portuguesa. Não quero ser preconceituoso, mas fiquei intrigado. Aquela era a nova elite política que entrou na Câmara nos últimos anos. Acho que pensávamos ter uma elite de políticos melhor que a que apareceu no domingo. A televisão sempre mostrou apenas o punhado de deputados que mais circulam na esfera do poder. No domingo, encontramos os nossos representantes. O Brasil foi apresentado a eles em cadeia de TV. Foi realmente um choque. Bem-vindos ao mundo real da nossa política.
Época – Uma pesquisa do instituto Datafolha aponta que quatro em cada dez brasileiros reprovam o desempenho do Congresso Nacional. Esse foi o melhor resultado dos congressistas deste mandato. A performance de domingo decepcionou os que aprovam o Congresso?
Nicolau –
 Acho que sim. Foi uma surpresa, segundo relatos que ouvi de meus alunos e de pessoas não tão ligadas à política. Eles achavam que as urnas filtravam as bizarrias vistas durante o horário eleitoral. Acreditavam que os melhores e os mais qualificados tinham sido eleitos. Mas não. A população descobriu que aquilo que se via no horário eleitoral continuava a existir na Câmara: políticos que apelam para interesses pequenos.
Época – Entre o impeachment de Fernando Collor, em 1992, e o de Dilma Rousseff, em 2016, houve mudança significativa no perfil dos deputados?
Nicolau –
 Percebo que a nossa elite parlamentar perdeu força. Quando nos lembramos dos que redigiram a Constituição de 1988, não conseguimos comparar com os de hoje. Com todo o respeito, o deputado Leonardo Picciani, líder do PMDB, o maior partido da Câmara, é um parlamentar com apenas três mandatos completos. E quem é mesmo o líder do governo? A qualidade dos líderes está abaixo da média verificada em anos anteriores. O maior drama não é o chamado baixo clero, aqueles políticos do fundo do plenário. O maior problema é justamente a nossa elite parlamentar, que perdeu o viço. Aconteceu um claro declínio na capacidade de retórica das lideranças, que poderiam magnetizar o Parlamento e a sociedade. Qual seria hoje um nome óbvio para presidir a Câmara neste momento de crise? Não tem.
Época – Em quais aspectos uma reforma política mudaria o quadro?
Nicolau – 
Tivemos na gestão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o mais profundo debate sobre a reforma política, mas não se mexeu em nada porque os partidos menores não têm interesse na mudança. Houve retrocesso. As trocas de legendas pelos políticos estavam congeladas por decisão do Supremo Tribunal Federal, em 2007. Agora, uma nova legislação abriu a janela de troca-troca, que, nas Assembleias Legislativas, chegou a 20% dos eleitos em 2014. Mesmo com o sistema atual, se os eleitores fossem mais atentos em suas escolhas, a gente teria uma representação melhor. Uma pesquisa da qual participei mostrou que, um mês após as últimas eleições, metade das pessoas já tinha esquecido em quem havia votado para deputado federal. Quem sabe, após o impeachment, o tema da reforma política seja acolhido pela classe média e não fique restrito aos especialistas. O povo deve participar desse debate.
Fonte: “Época”, 25 de abril de 2016.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Slides da aula de 4-6/5

Estão aqui os slides da aula sobre dilemas da participação eleitoral. A partir do instrumental analítico que vimos no primeiro bimestre, especialmente o modo como as instituições moldam as lógicas de ação, entramos a fundo na discussão sobre partidos. No caso, entendemos em alguma medida a evolução do PT até a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Sobre a avaliação que recebi da representação discente

Fui informado de críticas feitas a mim como professor da disciplina de Ciência Política, no terceiro ano, curso de Jornalismo. Pelo que me foi passado, inclusive por uma representante discente no período da manhã, há três tipos de críticas fundamentais:

(1) Sobre a avaliação no primeiro bimestre;
(2) Sobre o controle de faltas; e
(3) Sobre minha rigidez em relação ao comportamento em sala de aula, caracterizado como uma imposição de interação no estilo "colegial" pela representante.

Sobre cada um desses pontos, digo:

(1) A forma da avaliação é de responsabilidade apenas do docente na Faculdade Cásper Líbero. Em específico, penso a avaliação na forma de prova como uma verificação de leitura, objetivamente exigindo compreensão dos argumentos e domínio das definições dos textos. Expus isso em sala, referência aos slides postados em 8 de abril de 2016, antes da avaliação, aqui. Na devolutiva da prova, expus que atenderia demandas de revisão de nota e também críticas à avaliação, se em alguma medida não tivesse realizado aquilo que disse que faria. Atendi com a devida atenção as demandas de revisão de nota, em sala de aula ou por correio eletrônico, modificando notas quando ficou evidente que havia cometido um erro na correção. Por conta do calendário, houve menos tempo para a revisão das notas do matutino -- havia feriado em 22 de abril --, então houve menos tempo para a revisão por correio eletrônico, mas atendi todos os estudantes que me procuraram ao fim da aula, como aliás disse que faria. Não houve qualquer pedido de revisão de questões formuladas por mim, em qualquer turma, o que teria atendido do mesmo modo que atendi as outras demandas.
Como realizei versões distintas de provas, aliás duas por turma, tabulei as notas para comparar o desempenho das turmas de acordo com a avaliação. Duas das versões de prova tiveram objetivamente notas inferiores, na mediana, às outras; por conta disso, fiz uma correção artificial, para que a mediana das avaliações, independentemente da versão da prova, fosse equivalente. Com isso, em duas provas aumentei em um ponto todas as notas. Por mais que, aparentemente, estudantes tenham tido a impressão que algumas provas demandavam mais do que outras isso não gerou uma discrepância no resultado, relativamente equivalente nas oito versões de avaliações, uma vez feita a correção artificial exposta acima. Apresentei o procedimento em sala de aula.
As avaliações na forma de prova seguirão o mesmo estilo da realizada no primeiro bimestre, a saber, verificações de leitura, com foco específico em argumentos e definições. Recomendo aos estudantes que sintam dificuldade com esse tipo de avaliação que me procurem -- o que, aliás, tenho estimulado em sala de aula, desde o primeiro dia de nossa experiência acadêmica.
No segundo bimestre, a avaliação contém também um trabalho em duas partes, cujas etapas de realização foram discriminadas desde o primeiro dia do bimestre (parte 1) e com a devida antecedência (parte 2). Nessas instruções expus também de modo claro e objetivo a justificativa e a expectativa acadêmica.

(2) Existe um regulamento muito específico em relação a faltas. Copio abaixo trecho disponível no Manual do aluno, de 2016, disponível na íntegra aqui. Sigo o exposto nesse documento, que rege em parte nossa dinâmica em sala de aula e estabelece o regime de avaliação do desempenho escolar.
Não cabe a mim, individualmente, decidir novas normas -- o que é aliás uma diretriz da própria Coordenadoria de Jornalismo. Segue o trecho de interesse, disposto nas p. 11-12 (apenas copei e colei, assim que há pequenos erros de separação de palavras):

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DA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ESCOLAR A avaliação do desempenho escolar é feita por disciplina, considerando-se a frequência e o aproveitamento. A frequência é obrigatória, vedado o abono de faltas, exceto para casos em que há previsão legal, e cumprida a legislação federal quanto ao regime de trabalhos domiciliares. Para prestar exame fi nal, exige-se a frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) da carga horária da disciplina. A verifi cação e o registro da frequência são de responsabilidade do professor, e o seu controle cabe à Secretaria de Registros Acadêmicos. Os alunos com 75% (setenta e cinco por cento) de frequência que obtiveram média anual 7 (sete) estarão dispensados da prestação do exame fi nal da disciplina. A média anual mínima para a prestação de exame fi nal é 5 (cinco). A nota de aprovação do exame fi nal é 6 (seis), obtida da média aritmética entre a média anual e a nota do exame fi nal. As notas serão sempre atribuídas na escala de 0 (zero) a 10 (dez), admitidas frações de meio ponto (0,5). Somente uma prova bimestral poderá ser aplicada em segunda chamada, por disciplina, durante o ano letivo (regra aplicavél aos alunos de 2º a 4º ano). Para todos os intrumentos de avaliação não haverá o expediente de prova substitutiva (aplicável para alunos ingressantes em 2016). As notas serão atribuidas por semestre: O docente deverá atribuir a nota semestral a partir da aplicação de, no mínimo, dois instrumentos avaliativos, um dos quais deverá constar do calendário escolar (regra aplicável aos alunos ingressantes em 2016). O Aproveitamento acadêmico é avaliado, de forma continuada, por meio de trabalhos , exercícios, atividades, provas e exames. Compete ao professor da disciplina elaborar as provas, exames e demais trabalhos, bem como julgar-lhes os resultados. Os alunos que não cumprirem os termos dos artigos referentes ao regime de avaliação do desempenho escolar previstos será reprovado na disciplina. O aluno que não prestar provas e exames nas datas pré fi xadas terá nota zero (0). O aluno que se valer de meios fraudulentos na realização de qualquer tipo de avaliação terá nota zero (0). A rematricula em disciplinas em que o aluno foi reprovado poderá ser requerida em qualquer ano letivo desde que obedecido o tempo máximo de integralização do curso que é de 7 anos.
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(3) No mesmo documento, estão estabelecidos os parâmetros do regime disciplinar do corpo discente. Copio abaixo o trecho de interesse. Como exposto em sala de aula, de maneira muito explícita, considero um desrespeito o uso de celulares e a conversa entre estudantes quando o assunto não é o tema da aula, a partir do momento em que a aula se iniciou. O desrespeito é a mim e aos colegas interessados em seguir a aula. Notem que a menção a desrespeito e penalidades relacionadas a esse tipo de conduta é muito clara no Manual do aluno, abaixo copiado. Assim, faço uso da prerrogativa disciplinar quando interpelo um/a estudante que decide, apesar de avisado, agir de maneira desrespeitosa. Em caso de reincidência, vocês verão, as penalidades regimentais tornam-se ainda mais severas -- e felizmente não chegamos a esse ponto.
Expus no início do ano que me comprometia a oferecer uma disciplina avançada de maneira séria. Não acredito que tenha nesse objetivo falhado: entrego os textos a tempo, disponibilizo cópia das aulas, explico os procedimentos de avaliação com bastante detalhe. A parte esperada dos estudantes é que ajam de acordo com a expectativa acadêmica da disciplina -- inclusive na parte disciplinar -- e com a seriedade que nossos encontros semanais exige.
Mais do que isso, há comprovação científica que o uso do celular em sala de aula, especialmente quando o uso é alheio à dinâmica em sala de aula, atrapalha o desempenho individual e coletivo. Podemos discutir isso mais a fundo em alguma ocasião; a faculdade prepara um livro sobre o tema, no qual tenho um capítulo que preconiza o uso pedagógico dessas tecnologias, em contraste com quem defende o banimento irrestrito dessas tecnologias em sala de aula, a opinião de mais de um professor na instituição.
Não considero assim que adote um "regime de colegial" em sala de aula, basicamente reajo a manifestações que ferem o devido respeito que eu e vocês merecemos. Peço portanto mais uma vez que não usem o celular em sala de aula, quando estivermos em dinâmica acadêmica, e ajam de acordo com a conduta esperada de um estudante de graduação. Notem também que, em pelo menos uma circunstância no decorrer do primeiro bimestre, abri um tempo em nossa programação para que avaliassem a disciplina e pudéssemos dialogar construtivamente.

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REGIME DISCIPLINAR DO CORPO DISCENTE Art. 80 – Os alunos estão sujeitos às seguintes penalidades disciplinares apuradas mediante procedimento administrativo, garantido amplo direito a defesa: I. Advertência verbal e exclusão de sala de aula, por: a) Incontinência de linguagem ou de conduta; b) Desrespeito ao professor, funcionário ou colega de estudos. II. Repreensão, por escrito, por: a) Reincidência nas faltas previstas no item I; b) Agressão física ao professor. III. Suspensão, por: a) Reincidência nas faltas previstas no item II; b) Invasão de salas no decorrer das aulas; c) Perturbação do funcionamento regular das aulas e da ordem do recinto da faculdade; d) Fraude na elaboração e apresentação dos trabalhos; e) Uso de drogas no recinto escolar. IV. Desligamento, por: a) Reincidência nas faltas previstas no item III; b) Agressão física a professor, funcionário, ou outro discente; c) Danos intencionais a instalações e equipamentos da faculdade. § 1º São competentes para aplicação das penalidades: I. De advertência e exclusão da sala de aulas, os professores; II. De repreensão e suspensão até uma semana, o Diretor; III. De suspensão por mais de uma semana e desligamento, o Diretor, ouvido o Conselho Técnico-Administrativo. § 2º Da aplicação das penalidades cabe recurso ao Conselho Técnico-Administrativo. § 3º O registro da penalidade será feito em documento próprio, não constando do histórico escolar do aluno. § 4º Será cancelado o registro das penalidades de advertência, repreensão e suspensão se, no prazo de um ano de sua aplicação, o aluno não incorrer em reincidência.
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Não considero a experiência acadêmica, sua e minha, um campo de batalha, muito pelo contrário, sempre espero que nossa dinâmica seja a possibilidade de uma interação de alto nível numa comunidade de pensamento, pautada pelo respeito. Se lhe parece que, nesse espírito, agi de modo indevido, peço-lhe que sempre me avise. Assim como nas avaliações, em que cometi erros grosseiros em alguns casos de soma, pelos quais peço desculpas como pedi de imediato ao/à estudante que pediu a revisão com razão, sou passível de cometer deslizes em outros aspectos de minha atividade profissional e estou disposto sempre a aprender. Aliás, incorporo críticas profundas a meu estilo e entendimento da profissão, em todos os anos, o que me leva a crer que ao ensinar aprendo, sempre.
Espero ter respondido de modo adequado às críticas levantadas. Também espero que notem que, nas críticas que foram feitas a mim, estão embutidas considerações sobre sua participação e engajamento na disciplina que lhes ofereço este ano, esperando assim que as motivem a refletir sobre sua estratégia discente em relação à expectativa acadêmica que está posta.