quarta-feira, 30 de março de 2016

Mais uma mudança no plano de aula

Olá, nas últimas aulas fizemos uma necessária roda de discussão sobre a conjuntura política -- que me pareceu muito produtiva (espero que seja a opinião de vocês também) -- e com isso sou obrigado novamente a mudar o cronograma de aula. Segue uma versão atualizada. Talvez façamos a aula de discussão sobre alternativas após a prova, a confirmar.


DATA
AULA
TURNO
30/3
Classes sociais e interesses materiais noturno
1/4
Classes sociais e interesses materiais diurno
6/4
Possibilidade institucional de uma alternativa ao capitalismo noturno
8/4
Possibilidade institucional de uma alternativa ao capitalismo diurno
13/4
Prova bimestral noturno
15/4
Prova bimestral diurno

sábado, 26 de março de 2016

Guga Chacra: teoria dos jogos na veia

A teoria dos jogos, com a qual temos trabalhado, é especialmente relevante para a política internacional, especialmente a geopolítica. O jornalista Guga Chacra, ex-casperiano, faz várias referências a esse tipo de análise em seus comentários, como aqui.

sábado, 19 de março de 2016

Escaladas bélicas e teoria dos jogos: os casos do Irã e da Crimeia

A teoria dos jogos, um dos eixos da teoria da escolha racional, é especialmente utilizada para entender e até prever interações entre países. A situação mais corriqueira é a análise de situações de conflito, especificando os interesses de cada ator neste. Vale lembrar que o momento de "boom" dessa teoria foi justamente a Guerra Fria, no cenário de tensão permanente entre dois superpoderes geopolíticos.
Recupero abaixo um link para uma matéria de um jornalista do Estado de São Paulo, o Guga Chacra, sobre o xadrez internacional em torno do Irã, escrita em 2009. O texto ressalta o caráter "preditivo" dos jogos estratégicos. Leia aqui
A tensão na Ucrânia, no que diz respeito à anexação da Crimeia pela Rússia, foi também investigada à luz da teoria dos jogos. Uma conclusão bastante preocupante foi apresentada pelo analista Tyler Cowen, em The New York Times (aqui). Ele diz que há potencialmente dois equilíbrios (de Nash) nas relações internacionais: paz global ou escalada bélica. A situação na Ucrânia, que poderia levar a uma perda de confiança na solução diplomática de conflitos internacionais, poderia contribuir com essa escalada, quiçá desencadeá-la. A análise de Cowen, da qual copio trechos abaixo (em inglês), se sustenta em um raciocínio teórico apresentado pioneiramente por Thomas C. Schelling, laureado do Nobel em 2005.

Trecho do artigo "Crimea Through a Game-Theory Lens", de Tyler Cowen, em The New York Times, 15 de março de 2014. Fonte: www.nytimes.com

quarta-feira, 16 de março de 2016

Vídeo sobre o pensamento de Marx feito pela BBC

Começa em 1849, na chegada de Marx a Londres, no exílio, logo após ter escrito o Manifesto Comunista. Em inglês, com legendas em português pela TV Univesp.




segunda-feira, 14 de março de 2016

Evento obrigatório: IV Semana Mulher e Mídia

IV Semana Mulher e Mídia

Site: http://casperlibero.edu.br/agenda-eventos/iv-semana-mulher-e-midia/

 Teatro Cásper Líbero
Data
15 a 17 de março de 2016
Horários
Horários conforme programação

Descrição

Frente Feminista Casperiana Lisandra, com o apoio da Coordenadoria de Cultura Geral e da Faculdade Cásper Líbero irá, promover de 15 a 17 de março de 2016, no Teatro Cásper Líbero - 1º andar, a quarta edição da Semana Mulher e Mídia, em razão do mês da luta internacional das mulheres.
O evento contará com a participação de nomes relevantes da militância feminista, da política, da arte e da comunicação brasileira, convidadas para discutir o tema sob diferentes perspectivas.
PROGRAMAÇÃO
15/03/16 – Terça-feira – 19h00 / Teatro Cásper Líbero
Mesa: Comunicação Feminista
Mulheres de diferentes áreas da comunicação, de jornalistas e blogueiras a publicitárias, debatem o espaço da militância na comunicação.
Convidadas:
Viviane Duarte (Publicitária e criadora do Plano Feminino – Agência que faz comunicação empoderadora para mulheres)
Andreza Delgado (Estudante de letras, feminista, militante do movimento negro).
Mediação: Profa. Dra. Helena Jacob (Jornalista, Coordenadora do Curso de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero)

16/03/16 – Quarta-feira – 08h30 / Teatro Cásper Líbero
Mesa: Mulheres nas Artes
Debate sobre a representação e participação da mulher no meio artístico em nossa cultura ainda patriarcal.
Convidadas:
Jarid Arraes (Cordelista, escritora e autora do livro “As Lendas de Dandara“)
Anna Lucchese (Cineasta – dirigiu o documentário “Identidade Cotidiana”, diretora do talkshow “A Máquina”)
Wanda Martins (Coordenadora do bloco Afro Hu Oba de Min)
Mediação: Ana Júlia Genari (Aluna do 4º ano de Jornalismo)

16/03/16 – Quarta-feira – das 15h30 às 18h00 / Laboratório de Redação V (3º andar)
Oficina Maratona de Edição - Editathon Feminista (Atividade aberta apenas para alunas). Com inscrições limitadas para maratona de inclusão, na Wikipédia, de termos e temas ligados ao feminismo.
Colaboração:
Prof. João Alexandre Peschanski (Cientista Social, Jornalista, Professor da Cásper Líbero); Célio Costa Filho (Membro do grupo de usuários da Wikimedia no Brasil)

16/03/16 – Quarta-feira – 19h30 / Teatro Cásper Líbero
Mesa: Retrato da Mulher Negra no Brasil
Debate sobre a luta da mulher negra na sociedade brasileira
Convidadas:
Regiane Soares (pesquisadora e militante do Feminismo Negro, integrante dos coletivos Rusha Montsho e Abayomi Aba - Pela Juventude Negra Viva)
Juliana Serzedello (mestre em História pela FFLCH USP, vencedora do Prêmio Palmares de dissertação, autora do livro Identidades Políticas e Raciais na Sabinada, Professora do IFSP)
Débora dos Santos Carvalho (engenheira ambiental pela USP, Master of Science em Engenharia Geológica e Hidrogeologia pela Universidade Técnica de Freiberg na Alemanha)
Mediação: Profa. Bianca Santana (Jornalista, Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo, Professora do Curso de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero e autora do livro “Quando me descobri Negra”)

17/03/16 – Quinta-feira – 08h30 / Teatro Cásper Líbero
Mesa: Comunicadora em Risco
Questiona-se e expõe-se a realidade das mulheres comunicadoras que trabalham em situações de risco, em conflitos, coberturas internacionais e investigação perigosa.
Convidadas:
Adriana Carranca (Jornalista, escreve principalmente sobre conflitos, tolerância religiosa e direitos humanos, com olhar especial sobre a condição das mulheres)
Laís Modelli (Jornalista, vinculada ao Conectas - Direitos Humanos. Repórter da revista Cult. Colaboradora da revista Caros Amigos. Pesquisadora em Comunicação Midiática com foco em Feminismo. Correspondente independente no México)
Vanessa Martina Silva (Periodista do Opera Mundi, Colaboradora do ComunicaSul e Colaboradora do Diálogos do Sul)
Mediação: Profa. Ester Rizzi (Advogada, Professora da Faculdade Cásper Líbero, também ministra aulas de Formação Jurídica Para Lideranças Populares)

17/03 – Quinta-feira – 16h às 18h30 / Laboratório de Redação V (3º andar)
Rodada Hacker (Atividade aberta apenas para alunas)
A oficina trabalha conceitos básicos de programação para incentivar as mulheres a se voltarem para o mundo da computação.

17/03 – Quinta-feira – 19h30 / Teatro Cásper Líbero
Mesa: Ciberativismo Feminista
Debate o ativismo do movimento feminista nas redes sociais.
Convidadas:
Maynara Fanucci (Criadora do Empodere Duas Mulheres)
Babi de Souza (Jornalista, criadora da campanha “Vamos Juntas?”)
Stephanie Ribeiro (Estudante de arquitetura da PUC-Campinas, feminista e ativista negra);
Mediação: Profa. Dra. Michelle Prazeres (Jornalista, mestre em Comunicação e Semiótica, doutora em Educação e professora da Faculdade Cásper Líbero)

Público

Alunos de todos os cursos da Faculdade Cásper Líbero e demais interessados em acompanhar as palestras.
Inscrições para público externo: Envie previamente, um e-mail com seu nome, RG e nome da instituição que representa para:eventos@fcl.com.br. Feito isto, aguarde a confirmação de inscrição.

sábado, 12 de março de 2016

Onde os fracos não têm vez

No artigo neste link aqui (em inglês), utilizo os insights da teoria da escolha racional para entender a consolidação do poder do ditador haitiano François Duvalier, no Haiti, nos anos 1960 e 1970. A questão que me coloco é: como foi possível que um político que não era poderoso, pelo menos não tanto quanto a soma de poder de seus oponentes, que controlavam setores importantes do exército, foi capaz de vencer seus oponentes e estabelecer um regime autoritário centralizador? Por que os oponentes não colaboraram e o eliminaram antes, se ele era uma ameaça?


Vocês verão que há toda uma discussão matemática (formal) envolvida para indicar a probabilidade de jogadores não colaborarem quando estão ameaçados, mesmo quando a colaboração é a única forma possível de vencer o jogo. As regras do jogo estratégico aqui levam em consideração duas características que não encontramos no Dilema do Prisioneiro, tornando-o de certo modo um jogo menos simples: um ambiente onde as informações são incertas e há sequências de ações (jogador 1 tem a primeira rodada, daí é a vez do jogador 2).

Abaixo, a representação formal desse jogo estratégico, no formato conhecido como "jogo estendido".

Slides da aula de 9-11 de março

Vimos uma das principais instituições do capitalismo de maneira isolada, identificando as dinâmicas sociais que pode desencadear. Os slides estão aqui. Também começamos a discutir alternativas institucionais e como isso está ligado a uma discussão sobre natureza humana em ambiente social.

sexta-feira, 11 de março de 2016

IMPORTANTE: Nova programação bimestral

Por conta da mudança na programação passada, segue agora um novo plano para nosso primeiro bimestre. Por favor, prestem muita atenção!

DATA
AULA
TURNO
16/3
evento obrigatório: IV Semana Mulher e Mídia
noturno
18/3
Classes sociais e interesses materiais
diurno
23/3
Classes sociais e interesses materiais
noturno
30/3
Possibilidade institucional de uma alternativa ao capitalismo
noturno
1/4
Possibilidade institucional de uma alternativa ao capitalismo
diurno
6/4
Discussão de propostas (atividade em sala)
noturno
8/4
Discussão de propostas (atividade em sala)
diurno
13/4
Prova bimestral
noturno
15/4
Prova bimestral
diurno




quinta-feira, 10 de março de 2016

Leituras obrigatórias para 18-23/3

Os textos para a aula sobre classes sociais e interesses materiais são possivelmente os mais difíceis com os quais trabalharemos no semestre. A noção de classe social é bastante controversa e no texto de minha autoria há uma abordagem específica, baseada na ideia de que classes se sustentam de maneira relacional, tendo como chave analítica e definidora o conceito de exploração. O texto de Offe e Wiesenthal é uma leitura exigente; o fio norteador para nossa aula é entender por que trabalhadores e donos dos meios de produção (capitalistas) enfrentam dilemas e dificuldades diferentes no momento de agirem em defesa de seus interesses. Se entendermos isso, teremos conseguido "provar" a relevância da análise de classe para dar conta de interações e estratégias sociais.

-- Claus Offe e Helmut Wiesenthal, Duas lógicas da ação coletiva, disponível aquiSó precisam ler p. 61-71.
-- João Alexandre Peschanski e Daniel Bin, "Classes sociais e mercado de trabalho", disponível aqui.

Claus Offe é um pensador instigante, autor de uma obra monumental, versando sobre teoria política. Além desse escrito de grande influência que lemos para a aula sobre o capitalismo, eventualmente o leremos também sobre o Estado e o poder. Há obras dele disponíveis na biblioteca e recomendo vivamente a leitura a quem quiser aprofundar-se sobre a maneira como as relações econômicas têm impacto na política, especialmente quando as relações econômicas não são carcomidas por corrupções e desvios.

Copio abaixo trechos de um artigo que comenta os argumentos principais de Offe e Wiesenthal, no texto que temos para ler. No fim dos trechos, há um último parágrafo de minha autoria. O autor do artigo é Alvaro Bianchi, professor de Ciência Política da Unicamp, em sua contribuição crítica ao debate sobre ações econômicas “Empresários e ação coletiva: notas para um enforque relativo” (Revista de Sociologia e Política 28, 2007):


[...] esses autores rejeitam uma “teoria geral da ação coletiva”, destacando a necessidade de diferenciar as lógicas próprias de cada grupo social. [...] Para além das semelhanças formais entre associações de empresas e sindicatos operários, esses autores procurarão apontar a diferenciação de classe específicas dos respectivos tipos de fatores input (o que precisa ser organizado) e a natureza dos outputs (condições de sucesso estratégico que precisam ser alcançadas no meio ambiente das organizações).
[...] O capital tem como necessidade combinar o trabalho e os bens de capital, a fim de produzir mais-valia. Ambos os elementos consistem em trabalho social, mas, enquanto um é o resultado de trabalho passado (“trabalho morto”), o outro é força de trabalho como potência presente. Combinar este último, que não é separável dos portadores da força de trabalho, com os demais “fatores de produção” consiste no problema fundamental com o qual o capitalista tem de lidar.
Tal diferença está no fato de que o trabalho pode ser feito somente pelo trabalhador, apesar de ele “pertencer”, legalmente, ao capitalista. Cada trabalhador controla somente uma unidade de força de trabalho que a vende sob condições de concorrência com outros trabalhadores que fazem o mesmo. A força de trabalho viva é simultaneamente viva e não divisível (possui uma individualidade insuperável, na medida em que é “possuída” e controlada por indivíduos discretos). O capital, por sua vez, compreende muitas unidades de trabalho “morto” sob um comando unificado. [...] Não podendo fundir-se, os trabalhadores, no máximo, conseguem associar-se para compensar parcialmente a vantagem de poder do capital. 
O que Offe e Wiesenthal mostram é que atores econômicos, dependendo de suas classes, podem ter diferentes qualidades – “essências”, segundo Bianchi –, o que afeta seus interesses e capacidades. Há problemas diferentes para capitalistas e trabalhadores na compreensão de seus interesses materiais. Para os capitalistas, os interesses são evidentes, “a necessidade [de] combinar o trabalho e os bens de capital, a fim de produzir mais-valia”. Todo cálculo racional dos capitalistas segue, portanto, esse único critério, a maximização da produção de mais-valia. No caso dos trabalhadores, que “possu[em] uma individualidade insuperável, na medida em que é ‘possuída’ e controlada por indivíduos discretos”, há uma miríade de interesses, na medida em que “cada trabalhador controla somente uma unidade de força de trabalho”, que é “simultaneamente viva e não divisível”, e os trabalhadores precisam desenvolver canais de comunicação para chegar à compreensão de seu interesse material como um coletivo. Os trabalhadores só conseguem agir, pelo menos inicialmente, quando superam o estágio do egoísmo e cooperam, estabelecem formas de solidariedade, dialogam. Do mesmo modo, as capacidades de luta de capitalistas e trabalhadores diferem: os primeiros precisam apenas mobilizar recursos financeiros para tentar maximizar seus interesses; os segundos precisam mobilizar pessoas, como o que ocorre em greves, o que cria toda sorte de dilemas variados, já que, em muitos casos, isso envolve riscos aos que participam de lutas em defesa dos interesses dos trabalhadores.

domingo, 6 de março de 2016

Fernando Henrique Cardoso: sobre as regras do jogo do Brasil de Dilma

Cartas na mesa
Fernando Henrique Cardoso
06 Março 2016 | 03h 01
É preciso abrir o jogo: não se trata só de Dilma ou do PT, mas da exaustão do atual arranjo político brasileiro. E mais: o que idealizamos na Constituição de 1988, cujo valor é indiscutível, era construir uma democracia plena e um país decente, com acesso generalizado à educação pública, saúde gratuita e previdência social. Mais ainda, acesso à terra para os que nela precisassem trabalhar, bem como assistência social para os que dela necessitassem. A execução desse programa encontra dificuldades crescentes porque a estrutura estatal é burocratizada e corporativista. E também porque a sociedade não quer e não pode pagar cada vez mais tributos quando os gastos não param de se expandir.
Era inevitável que nos encontrássemos nesta situação? Não. Contudo, para evitar a crise do sistema de partidos e da relação Executivo- Legislativo, teriam sido necessários, no mínimo, os contrapesos da “lei de barreira” e da proibição de alianças partidárias nas eleições proporcionais, restrição aos gastos de campanha e regras mais severas para seu financiamento.
Mas não é só. A má condução da política econômica tornou impossível ao governo petista seguir oferecendo os benefícios sociais propostos, senão pagando o preço da falência do Tesouro. Não me refiro às bolsas, que vêm do governo Itamar, foram ampliadas em meu governo e consolidadas nos governos petistas: elas são grãos de areia quando comparadas com as “bolsas empresário” oferecidas pelos bancos públicos com recursos do Tesouro. Sem mencionar o grau inédito de corrupção, azeite que amaciou as relações entre governos, partidos e empresas e deu no que deu: desmoralização e desesperança. Oxalá continue a dar cadeia também.
Diante disso, como manter a ilusão de que as instituições estão funcionando? Algumas corporações do Estado, sim, se robusteceram: partes do Ministério Público e da Polícia Federal, segmentos do Judiciário, as Forças Armadas e partes significativas da burocracia pública, como no Itamaraty, na Receita e em algum ministério, ou no Banco Central. Entretanto, no conjunto, o Estado entrou em paralisia, não só o Executivo, como também a burocracia e o Congresso. Este pelas causas acima aludidas, cuja consequência mais visível é a fragmentação dos partidos e a quase impossibilidade de se constituírem maiorias para enfrentar as dificuldades que estão levando ao desmonte do sistema político.
Nada disso aconteceu de repente. Repito o que disse em outras oportunidades: na viagem que a presidente Dilma fez em 2013 para prestar homenagens fúnebres a Mandela, acompanhada por todos os ex-presidentes, eu mesmo lhes disse: o sistema político acabou; nossos partidos não podem ou não querem mudar; busquemos os mínimos denominadores comuns para sair do impasse, pois somos todos responsáveis por ele. Apenas o presidente Sarney se mostrou sensível às minhas palavras.
Agora é tarde. Estamos em situação que se aproxima à da Quarta República Francesa, cujo fim coincidiu com os desajustes das guerras coloniais, tentativas de golpe e, finalmente, a solução gaullista. Aqui as Forças Armadas, como é certo, são garantes da ordem, e não atores políticos. É hora, portanto, de líderes, de pessoas desassombradas dizerem a verdade: não sairemos da encalacrada sem um esforço coletivo e uma mudança nas regras do jogo. A questão não é só econômica. Sobre as medidas econômicas, à parte os aloprados de sempre, vai-se formando uma convergência, basta ler nos jornais o que dizem os economistas.
Mesmo temas sensíveis, nos quais ousei tocar quando exercia a Presidência e que caro me custaram em matéria de popularidade, voltam à baila: no âmbito trabalhista, como disse o novo presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Gandra Martins, citando como exemplo o Programa de Proteção ao Emprego, comecemos por aceitar que o acordado entre os sindicatos prevaleça sobre o legislado, desde que respeitadas as garantias fundamentais asseguradas aos trabalhadores pela CLT. Enfrentemos o déficit previdenciário, definindo uma
idade mínima para a aposentadoria que se efetive progressivamente, digamos, em dez anos. Aspiremos, com audácia, a que um novo governo, formado dentro das regras constitucionais, leve o Congresso a aprovar algumas medidas básicas que limitem o endividamento federal, compatibilizem o gasto público com o crescimento do PIB e das receitas e melhorem o sistema tributário, em especial em relação ao ICMS.
Dentre as medidas fundamentais a serem aprovadas, a principal é, obviamente, a reformulação da legislação partidário-eleitoral. O nó é político: eleições com a legislação atual resultarão na repetição do mesmo despautério no Legislativo. Há que mudar logo a lei dos partidos, restringindo a expansão de seu número e alterando as regras de financiamento eleitoral, para evitar a corrupção. Por boas que tenham sido as intenções da proibição de contribuição de empresas aos partidos, teria sido melhor limitar a contribuição de cada conglomerado econômico a, digamos, x milhões de reais, obrigando as empresas a doar apenas ao partido que escolherem, e por intermédio do Tribunal Superior Eleitoral, que controlaria os gastos das campanhas. A proibição pura e simples pode levar, como ocorreu em outros países, a que o dinheiro ilícito, de caixa 2 ou do crime organizado, destrua de vez o sistema representativo.
Ideias não faltam. Mas é preciso mudar a cultura, o que é lento, e reformar já as instituições. É tempo para que se verifique a viabilidade, como proposto pela Ordem dos Advogados do Brasil e por vários parlamentares, de instituir um regime semiparlamentarista, com uma Presidência forte e equilibradora, mas não gerencial.
Só nas crises se fazem grandes mudanças. Estamos em uma. Mãos à obra.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO É SOCIÓLOGO, FOI PRESIDENTE DA REPÚBLICALeia Mais:http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,cartasna-mesa,10000019754Leia Mais:http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,cartasna-mesa,10000019754



Assine o Estadão All Digital + Impresso todos os dias
Siga @Estadao no Twitter

quarta-feira, 2 de março de 2016

Leituras obrigatórias para 9-11/3

Após uma pequena alteração no meio do caminho, seguimos aquilo que programamos para o plano de aula. Estão aqui as leituras para a aula sobre "A propriedade privada e a alternativa comuns". São três textos.

-- Yochai Benkler, "Saber comum: produção de materiais educacionais entre pares". Disponível aquiApenas as p. 13-19 e 27-33.
-- Luís Mauro Sá Martino, "A esfera pública conectada de Benkler". Disponível aqui.
-- João Alexandre Peschanski e Daniel Bin, "Origem do capitalismo e propriedade privada". Disponível aqui.

O Prof. Luís Mauro Sá Martino é da Faculdade Cásper Líbero e uma das principais influências acadêmicas em teoria da comunicação e análise de redes. Vale a pena dar uma olhada no perfil dele, escrito por estudantes de jornalismo, aqui. O texto que leem para esta aula é extraído de um livro recente e maravilhoso do Prof. Sá Martino, intitulado Teoria das mídias digitais – Linguagens, ambientes e redes -- é uma daquelas obras indispensáveis, cuja leitura na íntegra é quase obrigatória para qualquer estudante e profissional de comunicação, por oferecer um panorama sofisticado de várias correntes de análise contemporâneas sobre redes e comunicação. Confiram aqui uma resenha interessante sobre o livro.

Yochai Benkler é um dos principais teóricos da alternativa ao capitalismo. Seu principal livro, The Wealth of Networks (A riqueza das redes), tornou-se uma referência importante tanto nas ciências sociais quanto na produção econômica não capitalista, como o software livre.

Yochai Benkler, em 2007. Fonte: Joi Ito/Wikimedia Commons


Aqui vai o link para uma entrevista que ele concedeu em 2009 à revista Época:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,ERT53938-15228,00.html

Aqui vai o link para uma palestra curta, no formato "TED talk", em inglês:
http://www.ted.com/speakers/yochai_benkler

Aqui vai o link para o livro The Wealth of Networks, em inglês, distribuído pelo próprio autor. A tradução para o português é feita de modo cooperativo, e o link também segue:
http://www.benkler.org/Benkler_Wealth_Of_Networks.pdf
http://cyber.law.harvard.edu/wealth_of_networks/A_Riqueza_das_Redes_-_Cap%C3%ADtulo_1

Slides da aula 2-4 de março

Seguem aqui os slides da aula onde definimos as instituições do capitalismo, com defesas e críticas desse modo de organizar a economia.


Por favor, avisem-me por email: japeschanski@casperlibero.edu.br , se estiverem com problema para ver esse ou outro documento colocado no blog.

Até a semana que vem!

terça-feira, 1 de março de 2016

Mudança no plano de aula: 9-11/3

O evento previsto para a noite de 9/3 foi cancelado, por isso faço a seguinte alteração no plano de aula:

As turmas do noturno e do matutino terão respectivamente em 9 e 11 de março a aula "A propriedade privada e a alternativa commons", prevista para a outra semana. As leituras são as mesmas que constam no plano de aula, copiadas abaixo.

Textos obrigatórios:
* Benkler, Yochai. "Saber Comum: produção de materiais educacionais entre pares." Revista entreideias: educação, cultura e sociedade 14.15 (2009), p. 13-19 e 27-33.
* Martino, Luís Mauro Sá. Teoria das mídias digitais (Vozes, 2014), cap. III.5 ("A esfera públi- ca conectada de Benkler”).
* Peschanski, João Alexandre; Bin, Daniel. “Origem do capitalismo e propriedade privada”, não publicado.

Texto sugerido:
* Santana, Bianca. "Materiais didáticos digitais e recursos educacionais abertos." Santana, B. et al. Recursos educacionais abertos: práticas colaborativas e políticas públicas. Casa da Cultural Digital/Edufba, 2012.

Filme sugerido:
* Bauwens, Michel. "3 hacks para uma Economia Baseada em Recursos.” ZDAY, 2014. Dispo- nível em: https://goo.gl/ZA5yG8

Evento sugerido: RODA DE CONVERSA – “AS SUFRAGISTAS”


 
                               Logo_Frente_Feminista


Dando início às atividades vinculadas ao
Mês da Mulher, a
Coordenadoria de Cultura Geral e a
Frente Feminista Casperiana Lisandra
convidam os alunos da Faculdade Cásper Líbero para a

RODA DE CONVERSA
– “AS SUFRAGISTAS”
3 de março
das 15h30 às 18h30
Sala Aloísio Biondi

Com Carla Vitória Oliveira Barbosa (MMM)
Helena Capriglione Zelic (MMM)
Bianca Santana (Casa da Lua)


Apoio
logo facasper