quarta-feira, 14 de maio de 2014

Instituições e gênero

Saiu aqui (Carta Capital) a resenha de um livro que me pareceu muito relevante para nossa discussão sobre instituições: em que medida mudanças institucionais são capazes de modificar o comportamento das pessoas, em especial as relações de gênero? Temos visto que as instituições determinam o comportamento, mas o que acontece se mudamos as instituições? O comportamento anterior, compatível com as instituições de antes, se mantêm por inércia? O novo comportamento esperado surge de imediato? Como é a transição de um comportamento social a outro?
Essas discussões se colocaram todas no momento revolucionário russo, no início do século 20. Copio abaixo trecho da matéria, que sinaliza o aspecto idealmente emancipador e pragmaticamente menos ambicioso da Revolução Russa em torno do papel das mulheres na sociedade cujas bases estavam sendo transformadas:

O próprio Lênin escreveu repetidas vezes sobre a necessidade de socializar o trabalho doméstico, já que o via como “o mais improdutivo, o mais selvagem e o mais árduo trabalho que a mulher pode fazer”. Assim, contra a atividade que descreveu como banal, improdutiva, torturante e atrofiante, ele argumentava que a verdadeira emancipação da mulher deveria incluir não apenas igualdade perante as leis, mas também a transformação do trabalho doméstico em trabalho socializado.
No entanto, o que levaria à maior independência da mulher e à consequente facilitação do divórcio esbarrou em condições materiais. “Quando as mulheres vão para as fábricas e começam a fazer o trabalho dos homens, se veem em meio à contradição de não conseguir cuidar de seus filhos. Isso faz muitas começarem a se opor ao divórcio facilitado porque não tinham como sustentar sozinhas a família”, observa Goldman.

A autora do livro, a historiadora Wendy Goldman, estará no Brasil para o lançamento da obra e convido tod@s a participarem da discussão, que promete. Abaixo o informe das atividades em torno de sua vinda.

Campinas
19/05 | 17h30 | Debate “A emancipação das mulheres: o debate e os desafios da luta contra o machismo como parte da experiência da revolução russa”
com Wendy Goldman, Diana Assunção e Renata Gonçalves
Unicamp | Auditório I do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH)
Realização: Boitempo, Edições Iskra e Grupo de Pesquisa “Para Onde vai o Mundo do Trabalho?”
Apoio: Programa de Pós-Graduação de Sociologia da Unicamp, Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais da Unicamp e Centro Acadêmico de Ciências Humanas (CACH)
Após o debate haverá sessão de autógrafos.
 
São Paulo
20/05 | 19h30 | Debate com Wendy Goldman, Andrea D’Atri (Argentina), Sofia Manzano e Diana Assunção
USP | Anfiteatro de História | FFLCH
Realização: Boitempo, Edições Iskra e FFLCH/USP
Apoio: Sintusp
Após o debate haverá sessão de autógrafos.
 
Rio de Janeiro
21/05 | 16h | Debate com Wendy Goldman, Andrea D’Atri (Argentina) e Carlos Eduardo Martins
UFRJ | Sala 109, Evaristo de Moraes Filho | Térreo | IFCS
Realização: Boitempo, Edições Iskra e Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA) Apoio: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Após o debate haverá sessão de autógrafos

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